quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Último dia - I Semana Paulo Freire na EFAV

O dia 14 de setembro marcou o último dia da I Semana Paulo Freire na Escola Família Agrícola de Veredinha. Na parte da manhã, contamos com a colaboração da Anielli (professora da UFVJM) e do Luiz Henrique (professor da UFVJM). Eles dialogaram sobre a Educação do Campo e o Preconceito Linguístico.
 Anielli explicou que a Educação do Campo é fruto da Pedagogia Crítica e da luta dos Movimentos Sociais dos Camponeses e Camponesas. Ela defendeu que é preciso resgatar o campo que está sendo sufocado pelo agronegócio. Ela apresentou também o curso da Licenciatura em Educação do Campo da UFVJM e as similaridades com a proposta pedagógica das EFAs.
Luiz Henrique destacou que a Educação do Campo é um trabalho de colaboração - trabalhar juntos e juntas. "Aqui, a escola é um espaço formativo e a casa também é um espaço formativo". Ele apresentou trechos de textos e poemas em que foi possível constatar que "toda língua muda" e "toda língua varia". Segundo ele, existe uma questão de classe quando se discute a variação linguística, e disse ainda que, quando se mata uma língua, mata-se a cultura dessa língua". Ele chamou a atenção para o uso frequente da norma padrão da língua como argumento de autoritarismo e poder, "é preciso, acima de tudo, pensar ecologicamente a linguagem".
No período da tarde, aconteceu um bate papo sobre a História e a Importância da EFA e participaram desse momento, Seu Zezim (um dos fundadores da escola), Fernando Túlio, Guilherme (estudante de Agronomia na UFTM), Vitor (estudante de Agronomia na UFTM) e Jerry (técnico do CAV) e todos são egressos da EFAV.
Seu Zezim contou a história de criação da EFAV, das primeiras conversas, reuniões e os primeiros parceiros a se juntarem para a concretização do sonho.Chamou a atenção dos estudantes para cuidarem da escola, pois ela é resultado de muitas lutas lutas passadas, presentes e futuras.
Em seguida, Fernando Túlio falou do quanto a EFAV foi fundamental para a sua vida. Vitor ressaltou da importância de Paulo Freire e dessa proposta diferenciada de escola que mudou a sua vida. Guilherme disse da sua preocupação com as EFAs e com os cursos por alternância a nível superior que ainda não são projetos definitivos. Jerry disse que a EFAV foi uma luz e que mudou totalmente a sua vida. Ele falou da preocupação com o envelhecimento do campo e que os estudantes tem um papel importante na solução desse problema. Para ele, a EFA é um espaço especial de lidar com as pessoas e compartilhar conhecimentos e experiências.






quinta-feira, 13 de setembro de 2018

4º DIA DA I SEMANA PAULO FREIRE NA EFAV

E hoje, 13 de setembro, chegamos ao penúltimo dia da I Semana Paulo Freire na EFAV. A discussão girou em torno da Educação Contextualizada e compuseram a mesa os convidados, João (professor e vice-diretor da E. E. Antônio F. de Oliveira), Dimas (professor da E. E. Antônio F. de Oliveira), José Murilo (técnico do CAV e apaixonado pela EFAV), Rita (irmã do José Murilo) e Renato (irmão do José Murilo).
 Iniciou-se com uma mística apresentada por alguns estudantes e pela coordenadora pedagógica, Angélica. O gesto da oferta de alimentos produzidos na EFAV, a entrada da bandeira da escola e a simbologia da teia, representaram a contextualização do ensino com a realidade, o emaranhamento da teoria e da prática tão necessário nas escola.
Dimas expressou sua felicidade e o seu encantamento pela EFAV. Falou da importância da motivação para melhorar a educação e da necessidade da troca de conhecimentos e, para ele, a EFA vivencia grande parte disso e ressaltou o próprio fato de ter sido convidado para participar da Semana Paulo Freire. Ele disse ainda que "no Estado não estamos tendo condições de mostrar a prática e, infelizmente, estamos ficando muito mais na teoria e isso dificulta o processo de ensino-aprendizagem".
João falou da sua experiência de educador e da sua transformação também. Segundo ele, "agora é que estou aprendendo a ser amigo dos estudantes, não é gritando que se educa, mas respeitando". Ele relatou também dos preconceitos que sofreu quando ingressou no Instituto Federal no Curso de Técnico Agrícola, principalmente, em função dos traços linguísticos e citou como exemplo, o fato de dizer "bago do feijão" ao invés de "grão do feijão".


Vocês devem ter notado a coincidência de três irmãos na mesa de discussão e isso tem uma razão especial, pois eles vão contar do processo de construção do livro "Retratos de Família", que, narra a história da família deles e traz diversos aspectos históricos e culturais da região.
José Murilo falou da importância dos valores da família, de conhecer a origem e a realidade. Chamou a atenção dos estudantes para a necessidade do hábito da leitura, para ele, o pensamento crítico se constrói com a busca do conhecimento e a leitura representa esse espaço.
Rita falou da relação de oprimido e de opressor (quem são os oprimidos e quem são os opressores) e em seguida, ela provocou os estudantes a respeito de duas perguntas: primeira, qual é a pessoa mais importante do mundo? Segunda, qual o melhor lugar do mundo para estar?
Ela falou dos avanços tecnológicos que vem facilitando os modos de vida, principalmente, em comparação com alguns anos atrás. Contudo, ela chama a atenção para o espaço demasiado que as redes sociais estão ocupando na vida das pessoas e isso, em grande parte, afastam as pessoas dos livros, do contato com outros tipos de saberes. Ela defendeu que se o hábito da leitura não for pelo gosto, precisa ser pela obrigação".
Renato falou da importância de conhecer a própria história e a história do Vale do Jequitinhonha. É comum a replicação de informações distorcidas por falta de conhecimento e de criticidade. Destacou das influências externas que roubam o valor da nossa cultura, dos nossos produtos e citou como exemplo, o pequi, e disse que, muitas vezes, não é valorizado pela população que tem esse alimento como planta nativa.
José Murilo, Rita e Renato falaram do processo de construção do livro Retratos de Família que começou quando o pai deles escreveu os causos que ele mesmo contava. Eles relataram alguns fatos da adolescência envolvendo a motivação para estudar e as dificuldades que foram superadas. Destacaram que registrar a história é fundamental, pode-se observar a carência de registros do modo de vida dos nossos antepassados. Eles fizeram a doação de exemplares para a EFAV e os estudantes já estavam ansiosos para começar a ler.
Pode-se dizer, então, que a importância da leitura na Educação Contextualizada foi um dos pontos fortes do nosso 4º dia da Semana Paulo Freire.

 





3º DIA DA I SEMANA PAULO FREIRE NA EFAV

E o 3º dia da I Semana Paulo Freire na EFAV teve como proposta de debate, a luta da mulher e as questões de gênero. Para compor a mesa, convidamos Edivânia, que é trilheira e trabalha no CAV com a formação e o empoderamento das mulheres, ela atua em comunidades dos municípios de Chapada do Norte, Minas Novas e Turmalina.
Logo na abertura, Edivânia propôs uma mística que representou diversas situações de machismo e de opressão cometidas pela sociedade. A estudante Sheury do 2º ano interpretou os atos de violência e, num segundo momento da mística, representou a quebra das rupturas e o momento em que a mulher conquista a liberdade plena.
Edivânia explicou a diferença entre feminismo e femismo e ressaltou que o mundo está cada vez mais intolerante e machista, associando também, a falta de amor ao próximo. Ela enfatizou a importância da empatia e do respeito e, segundo ela, a ausência desses sentimentos nos faz agressores. "Não é criando uma guerra entre homens e mulheres que vamos acabar com o machismo e estabelecer a igualdade, somente amando ao próximo que iremos desconstruir o machismo".

Edivânia chamou a atenção para muitas atitudes femininas que reforçam o machismo, por exemplo, as competições que existem entre as mulheres e ressaltou a relevância de sempre falar das "coisas" que não estão gostando, principalmente, nas relações amorosas.
Foi proposta uma atividade de grupo em que diferentes situações reais de machismo e de femismo foram problematizadas pelos estudantes. Os grupos inovaram muito em suas socializações, apresentando em forma de teatro e de paródia e explicitando assim, as suas críticas.
Edivânia questionou alguns ditos populares, como: "em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher" e "prenda suas cabras que os meus bodes estão soltos". Com esses dois enunciados, ela salientou que nada justifica a violência e a omissão agrava ainda mais a situação. Ela acentuou que é necessário respeitar a mulher em qualquer espaço e, é preciso, acima de tudo, respeitar a condição de ser humano.















terça-feira, 11 de setembro de 2018

2º DIA DA I SEMANA PAULO FREIRE NA EFAV

E chegamos ao 2º dia da I Semana Paulo Freire na EFAV. Hoje, 11 de setembro, a mesa de discussão dialogou sobre o tema "Comunidades Tradicionais" que contou com a colaboração do Seu Valdemar (folião da Comunidade Gameleira), Seu Zé Pequeno (folião da Comunidade Monte Alegre) e Rafael Pereira (mestrando em Estudos Rurais). Além dos estudantes e a equipe de monitores, fizeram-se presentes os grupos de Folia da Gameleira, Monte Alegre e Galego.

 Rafael contou um pouco da história de Paulo Freire e, dentro disso, ele destacou a necessidade das pessoas dizerem as palavras que nascem de si mesmo e citou como exemplo, as palavras folia e fé. Ele disse que a folia é uma linguagem, é um processo em que os foliões acreditam e é inerente à vida. Rafael apresentou alguns elementos da sua pesquisa com comunidades pesqueiras, abordando as noções do "seco e do molhado", onde a água vai e onde a água não vai e isso cria toda a noção de espaço e tempo dos pescadores.
Seu Valdemar falou um pouco da história da folia da comunidade que existe a mais de 60 anos. Segundo ele, antigamente, "quando fazia aquele solão, a gente cantava a folia de Santo Reis e não demorava muito a chuva vinha". Ele chamou a atenção dos estudantes para a valorização das coisas e das oportunidades, pois no tempo em que era jovem, tudo era muito difícil.
Seu Valdemar contou para os estudantes as duas coisas que ele avalia como mais importantes na vida: "em primeiro lugar, os jovens e, em segundo lugar, a educação".
Seu Zé Pequeno conversou com os estudantes sobre as dificuldades de transmitir as tradições das folias e dos costumes antigos. Percebe-se que ele não culpa os jovens por essas interrupções, ele disse que existe todo um conjunto de fatores que contribui para isso e ressaltou a importância de resistência.
E a nossa manhã de atividades encerrou com chave de ouro, teve as apresentações das Folias da Gameleira, de Monte Alegre e do Galego. Cada grupo em seu estilo e ritmo abrilhantou a nossa escola com toda a riqueza cultural presente na folia e depois, animaram todos os estudantes que dançaram e divertiram com o Nove.












I SEMANA PAULO FREIRE NA EFAV

A Escola Família Agrícola de Veredinha está promovendo a I Semana Paulo Freire, as atividades iniciaram ontem, dia 10 e encerrarão no dia 14 de setembro.
O mês de setembro é de grande importância para as Escolas Famílias Agrícolas, pois além de ser o mês de nascimento do Educador Paulo Freire, representa também, um período propício para dialogar sobre a Educação do Campo, a Educação Contextualizada, a Pedagogia da Alternância, o legado de Paulo Freire dentre outros.
Do dia 10 até o dia 14, diferentes convidados e convidadas compartilharão seus conhecimentos e experiências educativas, sociais, políticas e culturais com os estudantes, pais, mães e a equipe de monitores.
Defende-se que por meio dessas trocas de ideias e reflexões críticas seja possível apropriar-se do conhecimento de forma mais diversa e enriquecedora.
Na fala de abertura, Giselle e Seu Zezim destacaram a importância de Paulo Freire para a construção da Educação do Campo e também, a relevância da semana para a EFAV. Desejaram boas vindas a todos e todas e destacaram que os estudantes aproveitassem ao máximo todos os momentos.
O estudante Vitor do 3º ano, agraciou o público com solos de viola caipira e depois, os monitores Neltinha e Paulo Henrique apresentaram uma mística sobre a vida de Paulo Freire.
 A primeira mesa teve como tema "Educação do Campo e Educação Popular" e os participantes foram André Rech (professor da UFVJM), Aline (professora da UFVJM), Clébson (mestrando em Estudos Rurais) e José Murilo (técnico do CAV).
O tom da conversa girou entorno da Pedagogia Crítica e o olhar crítico do Educador e dos Educandos para a História e a Realidade.
José Murilo chamou a atenção para o debate da Agroecologia e a amplitude desconhecida dos níveis de envenenamento da natureza e dos alimentos. Segundo ele, o Brasil expandiu sua área agrícola, mas aumentou em 700% o uso de veneno. Ele provocou os estudantes à busca constante do conhecimento e a responsabilidade da prática agroecológica.
Clebson ressaltou a energia diferenciada que pulsa na escola e dialogou sobre a valorização do conhecimento tradicional. Para ele, esse conhecimento traz sentido para a vida, "às vezes, a gente ri desses saberes e não para para refletir sobre eles e todos os ensinamentos que estão presentes ali". Ele destacou que é preciso participar da vida cotidiana da família na roça, como, por exemplo, buscar lenha e nisso aprender sobre as árvores, sobre os animais, ou seja, aprender os conhecimentos tradicionais que os pais adquiriram ao longo da vida.
Aline dialogou sobre a Educação, a Questão Agrária e a Juventude. Ela destacou o processo de resistência dentro da Universidade para estabelecer diálogos com a sociedade, com as comunidades, com as escolas. Numa pesquisa rápida, ela perguntou sobre quem tinha avós e pais que estudaram, perguntou também sobre quem tinha avós e pais que possuíam propriedade de terra e se os próprios estudantes tinham terra. Ela questionou que entre a geração dos avós é comum acontecer 'algo' que provoque a perca da terra, o que compromete a permanência no campo. Segundo ela, o acesso à terra e à educação são estruturais para a sociedade. Ela disse também que a maioria dos agricultores não possuem o mínimo de terra para viver no campo. Para ela, o Brasil avançou um pouco na Educação e regrediu nas políticas de acesso à terra.
André pontou a simplicidade e a humildade do Seu Zezim na fala inicial, que para ele, resume o sentido da Educação Humanizadora. Ele falou bastante sobre a crítica, "o crítico só se torna crítico quando faz reflexões e problematizações a respeito da sua realidade". "Sem o pensamento crítico acabamos sendo levados pelo movimento político que se contradiz em suas decisões e não quer o bem da sociedade". Chamou a atenção para a necessidade de um Projeto da Classe Trabalhadora que é mal representada politicamente. Ele discutiu a amplitude da palavra "comungar" - nela, você toma parte do aprendizado e o outro toma parte também e quem decide tomar parte ou não, é você. Para ele, a EFAV vive o suprassumo da humanização, o suprassumo de comungar a educação.
Após as contribuições da mesa, aconteceram algumas colocações dos estudantes e a mesa realizou suas considerações finais.
Na parte da tarde, os estudantes fizeram a sistematização das palavras-chave de tudo que haviam aprendido na parte da manhã. Aconteceu também a apresentação do trabalho final com mapas construído pelos estagiários da Geografia  da UFVJM, contendo informações de todas as comunidades dos estudantes da EFAV.
Até às 16:00 horas, os estudantes apresentaram os trabalhos dos Grupos de Estudo Pesquisa e Extensão, uma metodologia que instigou a elaboração de projetos e a realização de experimentos ao longo do ano letivo.
A Semana Paulo Freire na EFAV iniciou com  o pé direito, a diversidade de tudo que foi apresentado demonstrou que a escola está em movimento, que a escola é um espaço vivo, que pulsa conhecimentos que ganham vida, que ganham significados reais.