terça-feira, 3 de setembro de 2024

Engajamento e Militância Política de Jovens e Mulheres

Formação política é uma parte muito importante do processo de formação educacional que contribui para que a sociedade possa fazer suas escolhas de maneira crítica, compreender e analisar o território em que habita e, inclusive, entender o processo político de forma mais ampla.

No dia 30 de agosto, aconteceu na Escola Família Agrícola de Veredinha, ministrada pelo professor doutorando, Clebson de Almeida, uma oficina intitulada Engajamento e Militância Política das Juventudes e das Mulheres. O objetivo da oficina foi trabalhar a dimensão da História do Vale do Jequitinhonha, desconstruir formas de opressão naturalizadas pela história oficial que reforça o projeto colonial e apresentar as novas identidades da Chapada das Veredas, por exemplo, comunidades groteiras e chapadeiras, além de explorar novas formas de pensar a reescrita da história do Vale principiada pelos seus sujeitos.

Clebson conduziu e provocou uma ampla discussão perpassando aspectos geográficos, históricos, culturais, ambientais, políticos e educacionais. Na dinâmica de apresentação, Clebson propôs que cada participante falasse o nome da mãe, da avó, da bisavó e contasse um pouco da vida delas: onde nasceram, como nasceram, o que faziam, os sonhos. De maneira geral, a dinâmica fez todos refletirem sobre o fato de conhecer tão pouco a própria história e, assim, foi encaminhada a lição de casa, ou seja, buscar investigar as próprias origens.

Depois disso, Clebson contextualizou a história dos primeiros povoamentos do Vale do Jequitinhonha e destacou a importância dos povos indígenas e quilombolas na formação do território e os impactos dos grandes projetos de monocultura e de mineração que vem causando transformações drasticamente negativas, por exemplo, o secamento de rios e nascentes, a expulsão das populações do campo e diversos outros processos de violência.

A oficina provocou os/as participantes no sentido de que é necessária a participação dos/as jovens e das mulheres nas lutas sociais de forma que compreender a própria história e a história do território são primordiais para instigar/despertar sentimentos de pertença, de engajamento nas lutas das comunidades e militância política.




1ª Roda de Cultura das Mulheres Camponesas da Chapada das Veredas

Cultura Popular e Resistência andam juntas: enquanto vive-se a Cultura faz-se a Resistência. Roda de Cultura foi uma proposta que surgiu das discussões nos grupos de mulheres das comunidades da Chapada das Veredas do município de Veredinha. A dimensão da cultura popular ganhou força e vem se apresentando como uma forma de pensar o território por diferentes aspectos: histórico, social, ambiental, político, relações de gênero, geração de renda e dentre outros. Foi pontuado que a valorização das culturas locais promove o fortalecimento coletivo das mulheres camponesas.

No dia 29 de agosto, na Comunidade Boiada I, localizada na Chapada das Veredas, aconteceu a 1ª Roda de Cultura com a participação de mais de quarenta mulheres. O encontro foi organizado no formato de oficinas com três momentos formativos diferentes, de maneira que cada grupo teve a oportunidade de aprender uma manifestação cultural. Grupo Mucuna vivenciou a Roda da Gamela, Grupo Girassol a dança do Vilão de Quatro e Grupo Andu as Danças de Roda.

O encontro contou com as parcerias do Grupo Resgate de Saberes da Comunidade Campo Buriti, o PROCAJ de Veredinha (Projeto Caminhando Juntos) e a ADECAVE. As instituições organizadoras foram a Escola Família Agrícola de Veredinha (EFAV) que é mantida pela ACODEFAV e o Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica (CAV). As atividades com os grupos de mulheres da Chapada das Veredas recebem o apoio e financiamento do GEF, SGP, UNDP, ISPN e PPP-ECOS.

Após os momentos de aprendizagens, cada grupo fez uma apresentação socializando as cantigas e as danças aprendidas ou, até mesmo, relembradas. Na Roda da Gamela uma das participantes jogou o versinho “Eu saí de minha casa/ pra fazer a reunião/ acabou a velha história/ de ficar só no fogão”. O verso demonstrou a importância do trabalho de formação nos grupos de mulheres no sentido de desconstruir o machismo, além de aumentar a autoestima das mulheres camponesas.