PIBID


O PIBID em ação na Escola Família Agrícola de Veredinha

            O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, materializado no projeto PIBID-Diversidade da UFVJM, é um projeto vinculado ao curso de Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (LEC-UFVJM) e conta com o apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Considerando a natureza interdisciplinar que caracteriza uma Licenciatura em Educação do Campo, as ações do projeto são construídas a partir dos princípios da interdisciplinaridade e transversalidade, abrindo espaço para o diálogo entre culturas e diversidade de saberes. O PIBID Diversidade foi inserido na Escola Família Agrícola de Veredinha (EFAV) em fevereiro de 2015, sendo a equipe formada por nove bolsistas, todos licenciandos da LEC-UFVJM; uma professora supervisora, funcionária da EFAV; dois coordenadores de área e um coordenador do projeto PIBID Diversidade local, todos docentes da LEC-UFVJM.

 



A escola em questão, situada na comunidade de Gameleira, município de Veredinha, dentro da região do Alto Jequitinhonha, estado de Minas Gerais, trabalha com o ensino médio integrado ao curso técnico em agropecuária. A existência de tal EFA é resultado de uma mobilização de agricultoras e agricultores familiares, lideranças comunitárias e sindicais, associações diversas, além de outras pessoas e entidades comprometidas e preocupadas com o desenvolvimento sustentável da região. A proposta político-pedagógica da EFAV baseia-se nos princípios da Pedagogia da Alternância, em que o aluno passa um período de tempo na escola e outro em sua comunidade, por se enxergar que o processo educacional que se dá nestes espaços não devem estar separados. A filosofia da escola é atingir uma educação de qualidade, enfatizando técnicas que propiciem o fazer coletivo e o saber coletivo, permitindo a reflexão crítica e dando condições ao educando de posicionar-se como sujeito de conhecimento. Nesse sentido, procura garantir, assim, uma educação de qualidade voltada para o meio onde ele se encontra, valorizando o saber empírico e as culturas e tradições locais, ao mesmo tempo em que aplica o conhecimento adquirido em favor do local.

            Tendo em vista esse contexto de atuação, desde o início do projeto a proposta de trabalho foi construída levando em consideração tanto o objetivo do PIBID de promover a formação docente de graduandos como também uma demanda da EFAV em relação à formação social e política dos jovens atendidos. Dentro disso, escolhemos como tema do projeto na escola “A formação social e política dos jovens do campo”. Em nossa proposta de trabalho, desenvolvemos no espaço escolar várias atividades que consideramos promotoras dessa formação pretendida, tendo como foco os seguintes objetivos:
i) Desenvolver a compreensão acerca do tema “formação social e política de jovens do campo”. 
ii) Desenvolver a compreensão acerca de múltiplos processos de aprendizagem.
iii) Desenvolver habilidades adequadas ao exercício da docência (planejamento, construção de atividades, seleção de materiais de referência etc.).

A atuação do PIBID Diversidade na EFAV em 2015 foi um modo de se colocar em prática essas demandas, ainda que de modo exploratório. O resultado desse trabalho foi bem recebido pela escola e entendido como algo relevante para a própria EFA e também para as comunidades envolvidas. Nas palavras do coordenador da EFAV, Clébson Souza de Almeida:
O trabalho realizado durante o ano de 2015 pela equipe do PIDID - Diversidade na Escola Família Agrícola de Veredinha influenciou diretamente no ensino/aprendizagem dos estudantes. As estratégias didáticas foram, em sua maioria, eficientes ao inter-relacionar as diferentes áreas do conhecimento com a reflexão política sobre os modelos de desenvolvimento do Campo. É perceptível o avanço na compreensão dos jovens sobre o projeto que a EFA propõe, assim como no sentimento de pertencimento pelos mesmos.

            Com base nessa experiência, portanto, espera-se que o presente material possa auxiliar demais educadores, atuando em diferentes contextos, na formação social e política de jovens do campo.
 O QUE SIGNIFICA FAZER A FORMAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA DE JOVENS DO CAMPO?


            No início de nosso processo de atuação, levantamos alguns parâmetros que julgamos centrais na formação social e política de jovens do campo, os quais nortearam o desenvolvimento do projeto e também servem de base para a construção e para o entendimento da presente cartilha. São eles:

·         Oferecer condições para que o jovem do campo entenda a realidade de modo autônomo e crítico;
·         Oferecer condições para que o jovem do campo entenda a realidade do local onde vive;
·         Oferecer condições para que o jovem do campo se identifique com o território ao qual pertence;
·         Oferecer condições para que o jovem do campo se sinta parte do processo de funcionamento, construção e transformação da sociedade;
·         Oferecer condições para que o jovem do campo esteja atento aos seus direitos e deveres;
·         Oferecer condições para que o jovem do campo entenda que é um cidadão;
·         Oferecer condições para que o jovem do campo se prepare para se posicionar perante a sociedade.
COMO FAZER FORMAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA DE JOVENS DO CAMPO?


            A presente proposta é estruturada, principalmente, em dois grandes blocos. Nesta seção, procuramos elaborar um roteiro de como iniciar, na prática, um processo que permita um trabalho de formação social e política de jovens do campo a partir de uma realidade local, contextualizada. Na próxima seção, apresentaremos alguns materiais criados por nós nesse processo, os quais podem servir de apoio ou modelo ao educador interessado no tema em questão.
            Aqui, o intuito é o de mostrar, a partir de nossa própria vivência, um modo possível de propor e executar atividades para tal formação social e política que partam da realidade local em que se pretende atuar. Esse processo se constitui, pelo menos, de três etapas: levantamento e análise de informações nas comunidades envolvidas; levantamento bibliográfico sobre o tema; criação de atividades a partir dos levantamentos realizados.

a)    Levantamento e análise de informações nas comunidades envolvidas.

Para trabalhar com FSPJC, entendemos que a proposta deve ser contextualizada e deve partir, primeiramente, de um levantamento sobre como é entendida entre as comunidades envolvidas essa formação, além de quais práticas a respeito desse tema já existem na comunidade e nos espaços educativos locais.  Entendemos que esse tipo de levantamento pode ser feito de diversos modos: elaboração de roteiro de perguntas, visitas de observação, conversas/entrevistas com pessoas das comunidades (pais, professores, estudantes), observação de grupos focais (jovens; adultos; professores), análise de documentos. A seguir, apresentamos um breve relato de como fizemos esse levantamento no contexto da EFA Veredinha, considerando a comunidade escolar e duas outras comunidades relacionadas à EFAV, nas quais moravam alguns dos estudantes com que trabalhamos.
 Para realização do levantamento de informações na comunidade, buscando compreender e conhecer aspectos locais da Formação Social e Política dos Jovens do Campo, foi necessário que elaborássemos um roteiro de pesquisa que funcionou como um apoio no momento do estudo realizado nas comunidades. Roteiro esse que continha questões que consideramos fundamentais na compreensão de como as comunidades entendem o tema Formação Social e Política. No questionário que elaboramos, consideramos os seguintes aspectos como importantes:
i) O que você acredita ser essa formação política e social de jovens do campo?
ii) O que você entende por uma visão crítica de mundo?
iii) Você acredita que entender a formação social e política de jovens do campo é importante para EFA e para as comunidade rurais? Por quê?
iv) Qual ambiente é o mais propício para a construção social e política de jovens do campo?
v) Uma formação política e social acontece na escola e nas comunidades? Se sim, de que forma essa formação acontece?

Tais questões contribuíram para que entendêssemos como o tema é percebido no ambiente escolar e social desses jovens com os quais trabalhamos. Realizamos pesquisas com base nos roteiros de pesquisa elaborados com o intuito de conhecermos a visão das pessoas sobre FSPJC tanto na comunidade escolar quanto nas comunidades atendidas pela EFAV.
A realização de visitas às comunidades foi de grande importância para compreendermos e observarmos se e como se dá a formação social e política dos jovens do campo em seus cotidianos. Entrevistas foram realizadas a fim de se saber como os moradores entendem o tema e como veem a sua importância para os jovens na construção de conhecimento através de processos de formação que possam ser críticos e autônomos. Grupos em específico – no caso, crianças, jovens, adultos e idosos – foram observados para se investigar como esse processo ocorre em cada fase do desenvolvimento, com um intuito de tentarmos perceber melhor se o processo de formação se dá de forma diferente em cada fase da vida. Conversamos com alunos, monitores da EFA, pais de alunos e os demais membros da comunidade. Com base no entendimento dos envolvidos no levantamento acerca do que seria FSPJC foi que norteamos os nossos estudos teóricos, procurando trabalhar assim com temas que contemplassem as necessidades apresentadas pelo público envolvido como, por exemplo: território, identidade, direitos humanos, cultura etc. Para nos dar suporte e estarmos minimamente preparados, procuramos nos embasar em alguns autores de referência em suas áreas e que debatessem tais temáticas.


b) Levantamento bibliográfico sobre o tema da formação social e política de jovens do campo.

            Em conjunto com a pesquisa nas comunidades, entendemos como importante nesse processo de aqui sugerido uma revisão bibliográfica que auxilie o educador na reflexão sobre o que se observou nas investigações realizadas, além de dar suporte à elaboração e execução de atividades educativas ligadas a essa formação social e política pretendida. Na experiência aqui relatada, esse levantamento de textos foi realizado a partir de dois elementos: os itens por nós previamente definidos sobre “o que significa fazer formação social e política de jovens do campo” (ver seção IV), bem como as necessidades que as investigações feitas nas comunidades trouxeram. Foram escolhidos, dentro desse movimento, leituras a serem debatidas e posteriormente fichadas. No decorrer desse processo, o qual teve duração de aproximadamente um ano, um conjunto de textos foi mensalmente lido e debatido como parte dos encontros do PIBID Diversidade, fomentando ainda mais a discussão acerca do tema. Toda essa bibliografia mencionada contribuiu para que tivéssemos um maior embasamento teórico para trabalhar o tema em questão.
            Esse processo apresentado é apenas um caminho possível para um primeiro contato com textos pertinentes para a discussão sobre “Formação Política e Social de Jovens do Campo”. Entendemos que pode ajudar o educador interessado em trabalhar com essas questões um estudo sobre temáticas atualmente colocadas como relevantes para os sujeitos do campo em contextos acadêmicos e escolares, tais como: território, identidade, sujeito, Estado, questão agrária e política pública. Consideramos uma reflexão sobre tais temas como um elemento crucial para a formação crítica de sujeitos no contexto aqui em foco. A partir do levantamento de questões locais, outros temas ainda podem ser trazidos para reflexão e debate.
            Para quem ainda procura um ponto de partida para toda essa discussão, constam na parte de material de apoio algumas sugestões de leitura consideradas relevantes, seguidas de fichamentos realizados por nossa equipe.

c) Elaboração de atividades a partir dos levantamentos realizados
            Após todo o levantamento feito, elaboramos algumas atividades para serem executadas com os estudantes, de modo atento a quem eram esses sujeitos e ao contexto em que essas práticas se realizariam. Levamos em consideração que é preciso conhecer um pouco mais concretamente a realidade desse público, a fim de escolhermos temáticas voltadas para esse jovem e pautarmos discussões a partir de seu interesse. Com base nos temas escolhidos para a realização das atividades, buscamos possibilitar que o estudante fizesse um movimento de imergir na sua realidade local e emergir na realidade global. Um exemplo que pode ilustrar essa tentativa de articular essas esferas do global e do local seria o modo como a questão dos diferentes preconceitos existentes na comunidade foi e pode ser trabalhada. Procurou-se refletir sobre como a comunidade do aluno é afetada por essa questão e como a discussão sobre preconceitos se dá na sociedade em geral. Isso, além de se ponderar quais são as diferenças e semelhanças acerca das visões que se tem deste tema na comunidade e também em contextos mais amplos, ou quais influências a realidade global pode trazer na realidade local do aluno.
            No processo de elaboração das atividades, ainda levamos em consideração diferentes estilos de aprendizagem, a fim de garantir que as ações realizadas pudessem gerar nos alunos desequilíbrio e inquietude, levando-os a enxergar a realidade sob outra perspectiva, instigando-os a buscar sempre de forma crítica mais conhecimentos. Um resultado mais detalhado desse processo de criação e aplicação de propostas de ações educativas está ilustrado na próxima seção, na qual consta a apresentação e a explicação detalhada de algumas atividades realizadas.
            Pensando em um bom planejamento para execução das atividades, criamos um quadro que detalha diversas informações sobre as atividades, nas diferentes etapas de sua realização. Além de um instrumento que nos auxiliou no desenvolvimento das atividades que foram executadas por nossa equipe nessa experiência em conjunto com a EFAV, vemos nesse quadro, também, uma tecnologia que poderá contribuir como um guia para educadores/leitores que venham a desenvolver algum tipo de atividade de formação a partir de processos semelhantes ao aqui apresentado. Na seção seguinte, você encontrará atividades já sistematizadas nos quadros e, nessas, poderá conferir cada item em ação. Abaixo consta a estrutura de quadro utilizada:


Etapa
Ação
Meta da etapa
Conteúdo
Estratégia
Recursos
Tempo
Desequilíbrio*
 A sequência a ser seguida na atividade. Número da etapa.
O que será feito nesta etapa
O que se espera alcançar na etapa
O que será trabalhado nesta etapa
Como o conteúdo da etapa será trabalhado
O que será necessário para a realização da etapa
Minutos necessários para a realização da etapa

Etapa privilegiada para a construção do conhecimento

*Consideramos como um momento de desequilíbrio quando o aluno se depara com alguma informação ou algum acontecimento que provoca uma inquietude em relação aos seus conhecimentos já existentes. Essa inquietude permite um contraste entre o que já se conhecia e novas formas de enxergar um mesmo problema, favorecendo a busca por novos conhecimentos. A existência deste momento na realização das atividades era prevista e até esperada, porém não podíamos detectar de antemão em que momento este desequilíbrio ocorreria. Sugerimos a você leitor que busque identificar este momento posteriormente à realização da atividade, em um momento avaliativo, objetivando compreender se a atividade teve esse propósito de desestabilização alcançado.
 MATERIAIS DE APOIO PARA A CONSTRUÇÃO E EXECUÇÃO DE ATIVIDADES

            Nesta seção apresentamos um conjunto de materiais produzidos que podem servir de apoio às iniciativas de formação social e política de jovens do campo. São materiais produzidos no decorrer da experiência do projeto PIBID Diversidade na Escola Família Agrícola de Veredinha em 2015.

a) Resultado do levantamento feito nas comunidades

O presente relato é um pequeno e certamente incompleto resumo da investigação a respeito de como as comunidades envolvidas entendem a formação social e política de jovens do campo. Mais especificamente, essa pesquisa envolveu a comunidade escolar da EFAV, bem como as comunidades de Caquente e Macaúbas, de onde vêm parte dos estudantes da escola. Buscamos compreender principalmente os seguintes pontos: como cada uma das comunidades em questão (Caquente, Macaúbas e a comunidade escolar da EFAV) entendem a formação social e política dos jovens do campo? Como a EFAV trabalha com esse processo de formação social e política?
Na comunidade escolar foram encontrados diversos posicionamentos, dentre os quais destacamos alguns. Naquele espaço, a formação social e política de jovens do campo é pensada como algo que visa fazer com que o jovem compreenda de forma autônoma a realidade onde vive, o contexto mundial que o cerca; que o ajude a compreender questões ligadas às políticas públicas e a questões sociais mais amplas. Em grande parte das entrevistas os alunos afirmaram que essa formação social e política deve ser a busca para levar a outros o conhecimento, transformando-o assim em um multiplicador e formador de políticas sociais para os jovens do campo, promovendo uma visão ampla sobre o mundo, buscando oportunidades e conscientizando a sociedade. No pensamento dos alunos, essa formação social é mais voltada para a sociedade e para a política social, visando discussões que envolvem questões de Estado e de governo.
Para alguns pais de alunos da EFAV, essa formação se dá nas interações do jovem dentro da sociedade, ou seja, através de experiências sociais. Na entrevista com os monitores da EFAV, destacou-se a ideia de que ter uma visão crítica do mundo é analisar situações, sabendo como lidar com elas, tendo uma observação construtiva do que pode acontecer no mundo, formando cidadãos conscientes, melhorando a qualidade de vida e combatendo a desigualdade social.
Ao pesquisarmos diferentes grupos, portanto, encontramos visões diferentes, embora em algum momento sobrepostas. Alguns pais, por exemplo, reforçam, no entendimento sobre o que é visão crítica, a percepção de que não podemos acreditar em tudo que ouvimos e, por isso, devemos analisar as informações e buscar um objetivo satisfatório para nossas ações. Alguns estudantes alegaram que ter uma visão crítica é lutar pelos direitos e ter opiniões próprias, tendo “voz e vez”, colocando suas ações desejadas em prática e sempre almejando mais. E, nesse contexto, nosso desafio foi tentar abarcar essa complexidade de opiniões e expectativas no momento de criar e propor atividades e dinâmicas para a formação proposta.
Sobre a importância da formação social e política de jovens do campo, na amplitude escolar e na comunidade vimos que os monitores acreditam que ela é importante, pois na medida que os jovens se informam a respeito do tema abordado, desperta-se neles um senso crítico e podem contribuir para as decisões políticas e nas organizações sociais. Já os alunos acreditam que a escola ajuda muito com a comunidade em busca de novas técnicas e auxílios despertando um conhecimento coletivo em busca do objetivo, tendo uma melhor formação e preparação para serem transmitidos. Por sua vez, os pais dizem que entendem que essa formação possibilita aos jovens e relacionar em sociedade.
Ambos afirmam que o ambiente que possibilita melhor essa formação seria uma junção entre família, escola e comunidade, pois a atuação política e social se dá em qualquer espaço. Essa formação predomina nos tempos atuais nas escolas em geral, embora de certa forma já vem acontecendo nas comunidades dos alunos da EFAV, a busca de novas formas de conhecimentos e oportunidades, sempre buscando conscientizar os jovens sobre seus direitos, para a busca de melhorias e oportunidades, assim obtendo respeito e consciência, contribuindo para a conquista de interesses do coletivo em prol do bem-estar social.
Em visitas às comunidades para a observação de como ocorre a formação política e social dentro da comunidade, pudemos perceber que, na comunidade de Macaúbas, ocorrem várias formas de interação que promovem essa formação, como o projeto de fortalecimento de vínculo em parceria com o CREAS(Centro de Referência Educacional e Assistência Social) de Veredinha, que tem como principais funções evitar o trabalho infantil e abusos de menores, para proporcionar um lazer às crianças e jovens da comunidade, com projetos de socialização e proteção a esse público em que é destinado e em oficinas para interação dos mesmos. Nos foram repassadas informações de que os jovens da comunidade diminuíram muito com o passar dos anos, em busca de melhores oportunidades de trabalho em cidades vizinhas. Os jovens que ali ainda residem têm ativa participação em eventos dentro da própria comunidade, principalmente em eventos religiosos e em grupos da associação da igreja. Como a comunidade tem uma escola com alfabetização de 1° ao 5° ano para continuar os estudos os estudantes vão para Veredinha ou para a EFAV para cursarem o ensino médio. Algumas instituições ativas dentro da mesma que proporcionam momentos de lazer e aperfeiçoamento como o CAV e ADECAVE, como oficinas que envolvem todos os públicos dentro da comunidade, crianças, jovens, adultos e idosos.
Em nossa visita a Caquente vimos que há uma associação de moradores, a qual tem parceria com o projeto Sotoyama do CAV junto à AFAVE. Existem outras associações, como a ADECAVE, que possuem projetos voltados a crianças e adolescentes para atender as famílias do local. A prefeitura promove a formação de jovens e adultos através do EJA. Também vimos que, assim como em Macaúbas, os moradores e seus familiares participam ativamente das festas tradicionais das comunidades. São pessoas, ainda, que têm participação ativa em conselhos e organizações que buscam promover melhorias na comunidade.
Com o estudo foi possível analisar as várias visões sobre como acontece a formação social e política dos jovens nos dois ambientes observados um ponto em comum observado foi acerca da visão crítica de mundo em que ambos disseram que seria importante para que os jovens pudessem ter mais voz e autonomia em ambiente que pudessem falar sobre seus conhecimentos.

b) Fichamentos de textos acerca do tema formação social e política de jovens do campo

Os fichamentos a seguir são fruto dos levantamentos realizados e podem servir de modelo e mesmo de referência para o desenvolvimento de atividades.

i) BONETI, Lindomar Wessler. Estado, sociedade civil e políticas públicas. Políticas públicas por dentro. Ijuí: UNIJUI, 2011.
A fim de tentar entender o processo de elaboração e funcionamento das políticas públicas, o texto discute a relação entre o Estado, as classes sociais e a sociedade civil, por se pressupor que é destas relações que nasceu a necessidade das políticas públicas. Neste sentido buscaremos entender como ocorre a relação do Estado com a sociedade e com a sociedade civil, de onde saem as políticas públicas.
É-nos chamada a atenção com relação ao papel do Estado, que hoje passa a não ser mais unicamente um instrumento das classes privilegiadas, mas também não se resume unicamente como conjunto de leis para a sociedade. Essa forma de se ver o Estado exige mudanças, que se devem à globalização e a alterações econômicas, como nos coloca o autor. Considerando uma nova relação entre Estado e sociedade civil, Boneti levanta a questão das políticas públicas não como algo criado com fundamentação jurídica, ou com base em interesse de classes dominantes, mas como algo também de interesse do Estado, que nesta conjuntura não seria neutro como pensa a maioria. As políticas públicas em nome atendem todas as classes, é feita para o povo, e isso é interessante ao Estado por negar o aparecimento de conflitos devido à correlação de interesses. Mas ainda nos é relembrado que isso não significa dizer que as classes dominantes não tenham predileção.
E ainda falando das interferências na criação das políticas públicas o autor deixa claro que na sociedade de hoje essa fica a mercê não unicamente dos interesses das classes dominantes ou de esquerda, mas também sobre influência maior de fatores nacionais e globais. As políticas públicas criadas não visam totalmente o interesse das classes, existindo uma correlação de interesse maiores, nacionais e globais, que resultarão nas definições locais. E nessa linha de raciocínio Boneti esclarece que independentemente de ser nacional, local ou global, o local de onde partem as discussões em torno das políticas públicas, o fato é que são pessoas que estão no poder que vão discuti-las, e é claro que essa discussão será sempre sobre o viés do interesse dos agentes do poder. O que mais uma vez reforça o que discute o autor com relação à ideia de um Estado não neutro que se move por valores ideológicos, éticos e culturais. Nesse sentido, não teria como pensar o Estado separado da sociedade civil.
Após a apresentação do que é o Estado nos é apresentada a definição de políticas públicas, sendo elas na verdade, uma correlação de forças entre os grupos de poder, uma necessidade social levantada em debates públicos, que passam por um processo de estatização e se configuram políticas públicas.
Boneti cita o estudo de Poulantzas para concluir que existe uma relação direta do Estado para com as classes sociais, e que é destas relações, e das correlações de forças que se originam as políticas para as classes, e todo o jogo político existente.

ii) CASTELLS, Manuel. A construção da identidade. O poder da identidade. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
O texto nos traz que toda e qualquer identidade é construída, mas a principal questão levantada no mesmo é de como se dá essa construção da identidade, como ela acontece, a partir de quê, por quem e para quê isso acontece. Destaca-se também a importância de saber a distinção entre identidades e papéis. Para isso reflete sobre o significado de ambos. Nisso, define papéis como aquilo que já é definido por normas estruturadas pelas instituições e organizações da sociedade. Entende-se por identidade a fonte de significado e experiência do ator, de um povo, construídas por meio de um processo de individuação. Pode-se dizer que identidades organizam significados enquanto papéis organizam funções.
Diante disso destaca-se que a construção de identidades vale-se da matéria-prima fornecida pela história, geografia, biologia, instituições produtivas e reprodutivas, pela memória coletiva e por fantasias pessoais, pelos aparatos de poder e revelações de cunho religiosos. Onde tudo isso é processado pelo individuo, grupos sociais e sociedades, que reorganizam seu significado em função de tendências sociais e projetos culturais enraizados em sua estrutura social, bem como em sua visão de tempo/espaço. E que sempre ocorre em um contexto marcado por relações de poder. Assim o autor propõe uma distinção entre três formas e origens de construção de identidades:
Identidade legitimadora: Introduzida pelas instituições dominantes da sociedade no intuito de expandir e racionalizar sua dominação em relação aos outros atores sociais.
Identidade de resistência: Criada por atores que se encontram em posição/condições desvalorizadas e/ou estigmatizados pela lógica da dominação, construindo trincheiras de resistência e sobrevivência.
Identidades de projetos: Quando os atores sociais, utilizando de qualquer tipo de material cultural ao seu alcance, constroem uma nova identidade capaz de redefinir sua posição na sociedade, e ao fazê-lo, busca a transformação de toda a estrutura social.
Na visão do autor, cada tipo de processo de construção de identidade leva a um resultado distinto no que tange á constituição da sociedade. A identidade legitimadora da origem a construção da sociedade civil; a identidade de resistência leva a formação de comunidades, e a identidade de projeto, produz sujeitos.
O autor afirma que existe uma dinâmica de identidades, e essa evidencia que do ponto de vista da teoria social, nenhuma identidade pode construir uma essência, e nenhuma dela encerra, sempre são gerados benefícios por parte de cada identidade para as pessoas que as incorporam.

Iii) CLASTRES, Pierre. A questão do poder nas sociedades primitivas. Arqueologia da violência – pesquisas de antropologia política. São Paulo: Cosac & Naify, 2004.
O texto traz uma retrospectiva etnográfica da relação de poder, dando ênfase ao modo de vida das sociedades ditas primitivas.
As sociedades primitivas são sociedades sem estado, sem um poder superior, o que contraria a teoria de que onde sem o exercício do poder não existe sociedade. Assim os europeus julgaram os índios no século XVI, onde os chefes não exerciam poder, em vez disso buscava uma constante aliança com a tribo, sendo um representante do grupo em um modelo organizacional único de uma sociedade indivisa. “É uma sociedade sem classes, não há ricos exploradores dos pobres, não há dominantes e dominados, não há órgão separado do poder”, a tribo que detém o poder, o chefe possui apenas um prestígio que a sociedade cuida para não transformar em desejo de poder. Nessa perspectiva surgem algumas indagações sobre a existência do estado.

iv) FOUCAULT, Michel. O sujeito e o poder. Genealogia da ética, subjetividade e verdade (Ditos e escritos IX). Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014.
Trata-se de um texto de Michel Foucault onde o mesmo justifica o porquê estudar o poder: a questão do sujeito, e também de como se exerce o poder. O autor esclarece que seu foco não é o poder, mas sim o sujeito. A maneira de como o ser humano se transforma em sujeito. Diante disso que houve uma necessidade de estudar essa questão do poder. Pois, enquanto o sujeito humano é colocado em relações de produção e significação é igualmente colocado em relações de poder muito complexas.
Porém, precisava-se de um embasamento, algo que fornecesse instrumentos para estudar as relações de poder. Daí Foucault levanta uma pergunta, será que precisamos de uma teoria do poder? Nesse caso seria necessário uma conceitualização do que é o poder. A partir disso o mesmo traz que é preciso certificar-se do que ele chama de “necessidades conceituais”. Ele entende que conceitualização não deve fundamentar-se em uma teoria do objeto: o objeto conceitualizado não é o único critério de validade de uma conceitualização. Precisamos conhecer as condições históricas que motivam tal ou qual tipo de conceitualização. Precisamos ter uma consciência histórica da situação na qual vivemos, além disso é preciso certificar-se do tipo de realidade com que somos confrontados.
E para iniciar Foucault sugere uma investigação das relações entre a racionalização e o poder, uma vez que é evidente a relação entre a racionalização e os excessos do poder político. Foucault nos traz que seria mais prudente não considerar globalmente a racionalização da sociedade ou da cultura, mas analisá-la como um processo em vários campos, cada um dos quais com uma experiência. Nos sugere também usar formas de resistência contra as diferentes formas de poder como um ponto de partida. Essas resistências geram as lutas e essas por sua vez giram em torno da questão: quem somos nós? Elas são uma recusa dessas abstrações do estado de violência econômico e ideológico, que ignora quem somos individualmente, e também uma recusa de uma investigação cientifica ou administrativa que determina quem somos.
Essas lutas implicam em uma técnica, uma forma de poder que categoriza o individuo, marca-o com sua própria individualidade, liga-o à sua identidade, impõe-lhe uma lei de verdade que devemos reconhecer, e que os outros têm de reconhecer nele. É uma forma de poder que transforma os indivíduos em sujeitos.
A razão pela qual esse tipo de luta tende a prevalecer é devido ao fato de uma nova forma de poder político; o estado. A forma de poder do estado é ao mesmo tempo globalizante e totalizadora. O que é uma das razões de sua força.
Isso se deve ao fato de que o estado ocidental moderno integrou sobre uma forma política nova uma velha técnica de poder que tinha nascido nas instituições cristãs chamada poder pastoral. É uma forma de poder que tem o objetivo de assegurar a salvação individual no outro mundo. Ela está ligada à produção da verdade do próprio indivíduo.
No século XVIII esse poder se ampliou e multiplicou através do estado. Já não se trata mais de assegurar a salvação individual no outro mundo, mas de assegurá-la neste mundo. O que permitiu ampliar o conhecimento sobre o homem em torno de dois polos: globalizado e quantitativo sobre a população, outro analítico concernente ao indivíduo.
Desenvolveu-se assim uma tática individualizante, característica de toda uma série de poderes múltiplos.
O autor faz uma investigação crítica sobre a temática do poder distinguindo três tipos de relação de poder: o da dominação da comunicação e o da atividade finalizada, porém não os vê separados um dos outros, colocando que o exercício do poder não é simplesmente uma relação entre “parceiros”, individuais ou coletivos, é um modo de ação de uns sobre os outros, e que de fato, o que define uma relação de poder é um modo de ação que não age direto e imediatamente sobre os outros, mas que age sobre sua própria ação, ou seja, ação sobre ações. Além do mais o exercício do poder consiste em “conduzir condutas” e em ordenar a probabilidade. Diante disso inclui-se um elemento importante: a liberdade. É necessário que haja liberdade para que o poder seja exercido.
As relações de poder se dão no meio social, uma sociedade sem relações de poder só pode ser uma abstração. O que faz com que estabeleça vários pontos para a análise das relações de poder; o que não se pode prestar ao estudo de uma série de instituições, nem se quer ao estudo de todas as que mereciam o nome de “política”.

v) PERICO, Rafael Echeverry. Enfoques e fundamentos conceituais da estratégia dos territórios de identidade. Identidade e território no Brasil. Brasília: Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura, 2009.
O texto faz referência a uma série de conceitos ligados à territorialidade, conceitos estes que são recentes, por isso estão sujeitos a múltiplas definições e reformulações. Segundo (SANTOS 1985) é possível compreender o espaço a partir de quatro categorias – forma, função, estrutura e processo.
O conceito de território está ligado à institucionalização da geografia nas universidades em seus três campos: política, biogeografia e antropogeografia conforme afirma Ratzel. Também expressa a conjugação de um povo vivo. Este tem ligação com o conceito de região, por muito tempo foi relacionado ao poder estatal. O autor afirma que o território apóia-se no espaço, porem não é o espaço “constitui produção a partir do espaço”. De acordo com Sack, território constitui expressão de um espaço dominado por umgrupo de pessoas que, com esse domínio, mantém controles e influências sobre o comportamento de outros e exerce relações de poder, além de atribuições do ponto de vista: jurídico político, econômico, sociocultural, político institucional e ambiental.
Já o conceito de cultura foi originado na Europa no século XVIII, esse era associado principalmente à palavra civilização e assim foi alvo de muitas discussões e críticas. Em 1871 surgiu a primeira definição de cultura sob o ponto de vista antropológico de Y. Taylor no livro Cultura Primitiva. Segundo ele, “a cultura é todo o complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábito adquiridos pelo homem na condição de membro de uma sociedade”. A cultura passou por diversas definições, envolvendo duas vertentes: a do ser humano permanecer com determinada cultura e a de que este se adapta a elas.
Outro conceito abordado foi o de identidade, este é recente e apresenta múltiplas definições. Na visão de Hegel, o conceito seria usado para identificar o diferente e desigual como uma unidade, cabendo ao estado construí-la e ajustá-la. Já Mead teve a preocupação de que faltava identidade cultural, linguística e religiosa entre os diversos grupos que compunham a população.
As ciências sociais modernas ao contrário das afirmações acima privilegiam a multiplicidade, a diferença e o contraste. Em termos conceituais, são analisados diversos recortes – étnicos, culturais, religiosos, nacionais, sexuais, camponeses, proletários, urbanos, etc.

vi) SAMPAIO, Plínio de Arruda. A questão agrária brasileira e a luta pelo socialismo. In: STEDILE, João Pedro (org.). A questão agrária no Brasil: debate sobre a situação e perspectivas da reforma agrária na década de 2000. São Paulo: Expressão Popular, 2013.
O autor Plínio de Arruda traz em seu texto a leitura de grupos da direita e de grupos socialistas a respeito do tema reforma agrária, e nisso é embasada uma discussão sobre a questão agrária no Brasil, os benefícios e as dificuldades da reforma agrária.
Segundo o autor a direita do Brasil avalia a reforma agrária como algo que já foi superado, o capitalismo agrário afirma que mesmo que a reforma agrária fosse colocada em prática os problemas que ela prometia resolver já se resolveram, e para darem legitimidade a isso usam exemplos como: não há como alterar subitamente a distribuição de renda, e se isso fosse feito poderia não ser algo bom. A agricultura moderna não necessita de uma quantidade grande de trabalhadores, mantê-los no campo seria causar perda da eficiência econômica. Durante a inserção do Brasil na globalização é inevitável que alguns passem fome devido à baixa renda. Essa forma de análise de classe dominante é basicamente pautada no atraso e não na modernidade, desse ângulo não haveria questão agrária, e a posse da terra não seria um obstáculo ao desenvolvimento.
Nessa linha de raciocínio da classe dirigente conclui Plínio que se não há questão agrária não teria necessidade de reforma agrária, entendendo que a reforma agrária é uma medida estatal para alterar as divisões de terras herdadas do passado.
No diagnostico socialista trazido pelo autor, ele coloca que na análise feita pela classe dominante são trazidos apenas alguns aspectos de uma situação bem mais complexa, aspectos esses que atendem unicamente seus interesses. São ditas e analisadas meias verdades, fechando os olhos à real situação do campo. A globalização da economia é irreversível, mas países podem sim rejeitar sua inserção sem ser destinados à barbárie; o esforço para inserção do país no mercado mundial é incompatível ao consumo exagerado, mas isso não quer dizer que não podemos acabar com a pobreza; E verdade que foi criada uma nova modalidade de produção no campo, mas é errado dizer que isso acabará com os problemas rurais;
Plínio nos chama a atenção para a ideia de que pode haver sempre várias leituras da realidade, mas que o analista crítico não se prende a vieses. Então ele mostra as premissas que a outra análise omite. A produção por indústrias e grandes empresas agrícolas não produziria o fim da economia, se olharmos a atual distribuição de renda, mas geraria uma dicotomia maior entre setores, onde uns serão altamente qualificados  e outros mal sobreviveram.
Os setores da agricultura se restringiram cada vez mais à subsistência, e os que já são desaparecerão. As condições de sobrevivência no campo para pequenos grupos familiares serão cada vez menores, aumentando o êxodo rural. A permanência de multinacionais agrícolas nos faz cada vez mais dependentes, e instáveis com relação ao abastecimento alimentar.
Tendo em vista este quadro de desenvolvimento da agricultura brasileira o autor defende a intervenção do Estado no sentido de assegurar o equilíbrio socialmente justo na produção agrícola e na economia. Assegurar a alimentação, gerar emprego, garantir a soberania alimentar, controlar as tecnologias agrícolas para produção do consumo e exportação, preservando a auto suficiência alimentar, produzir de forma sustentável etc.
Mas Sampaio coloca o empecilho atual a essa reformulação. A classe capitalista da agricultura não aceitaria uma produção auto suficiente que não lhe rendesse os lucros que a manter no mercado internacional, o aumento da quantidade com qualidade, não os interessaria pois seria uso de mais terras mais mão de obra, ou seja, mais investimento. A produção sustentável subverteria toda a lógica de produção atual. Diante disso como negar a existência de uma questão agrária em nosso país? Essa é pergunta que o autor faz a toda a leitura do grupo da direita.
Plínio, levantando a questão agrária, coloca como única solução plausível a reforma agrária, a quebra do poder que hoje atua no campo, e a constituição de outro poder, mais equilibrado e justo. Porque a concentração de terra gera dominação, e a terra está com as grandes agroindústrias, o povo do campo se torna refém. Essa relação de inércia impossibilita qualquer desenvolvimento do campo. Por isso se faz necessário, segundo o autor, que se rompa que esse dorso, se cada um tivesse acesso a terra as grandes empresas agrícolas não teriam como se sustentar.
O autor finaliza fazendo uma advertência à forma como a reforma agrária tem sido vista. Ele diz que a centralidade da reforma agrária não tem sido o ponto mais forte de estratégias dos partidos socialistas, não que eles não aderiram à causa, mas ainda falta enxergar que é esse o ponto central de transformação do país.

vii) SCHERER-WARREN, Ilse. A política dos movimentos sociais para o mundo rural. Estudos Sociedade e Agricultura, Rio de Janeiro, vol. 15, nº 1, 2007: 5-22.
Não há quem possa dizer que não faz parte da sociedade, vivemos em sociedade, e isso é inevitável. Desde cedo quando uma criança nasce com sua família já inicia uma interação, seus pais, seja de qual for o lugar, ou a qual religião pertençam, já terá o hábito de levá-la a lugares aos quais se identificam, e assim já se inicia um processo de socialização. Ainda na infância a criança vai ter contato com a escola, local que tem sido cada vez mais valorizado pela sociedade, e encarado como referencial na formação, humana, profissional e social dos jovens.
Mas o que é de fato a tão falada sociedade? Mesmo tendo cada um uma noção do que é a sociedade, não devemos nos fiar nisso, porque a sociedade se apresenta como algo muito complexo. Para entender melhor a sociedade em que vivemos falaremos primeiro de suas características, e a primeira delas que se tornou algo inevitável, até mesmo para as cidades do interior, é o capitalismo. E por isso que se debate muito hoje sobre a globalização, forma de se produzir e comercializar por toda parte do globo. Outro fator que deve ser analisando com atenção é a divisão do trabalho, até porque é entendendo a divisão do trabalho que entenderemos a divisão dos saberes. Há duas formas de divisão do trabalho, a primeira é a divisão do trabalho na sociedade, uma divisão social, seja por idade sexo etc; a segunda seria uma divisão técnica do trabalho, algo mais a fim do capitalismo.
Explicar os mecanismos de funcionamento dessa sociedade não é algo fácil, e mediante essa dificuldade e necessidade, que surge a sociologia, uma ciência que estuda a sociedade, os mecanismos de funcionamento das instituições sociais. Sendo assim para analisar a tal sociedade, recorreremos a três autores clássicos da sociologia, Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim.
Karl Marx foi um importante sociólogo da segunda metade da revolução industrial, período em que se consolidava o capitalismo. Ele fez uma análise crítica do capitalismo para além do período em que vivia, nos âmbitos histórico, filosófico, econômico e sociológico.
Marx dizia que o capitalismo, era realmente algo com uma capacidade enorme de produção, que nunca antes se produziu e comercializou como nesse período. Crescia o comércio, e cada vez mais tudo era transformado em mercadoria e o mundo se tornava um mercado. Entendemos por mercado um local onde as pessoas fazem compras, trocam mercadorias etc. Mas existe um segundo mercado que é o mercado capitalista.
Esse é mais complexo e não se identifica de imediato, por não ter um ponto fixo, pessoas compram em todos locais, produtos de um país são comercializados em outro, bancos emprestam dinheiro a juros etc.
Marx analisou profundamente o resultado do capitalismo, denunciando a desigualdade que o mesmo causava, e mediante isso propôs uma revolução que fosse de encontro com o desnivelamento evidente.


c) Atividades realizadas e comentadas*

*Algumas dessas atividades possuem anexos para auxiliar sua execução. Os anexos serão disponíveis no site....
ATIVIDADE 1
Atividade: Identificando territórios
Duração: 60 minutos
Justificativa: O processo de formação de um território perpassa por conceber sua identidade, sua área, identificar seus recursos e perceber as relações que o transformam. Remete à ideia de povo vivo, cultura e região. É importante que os alunos reconheçam suas comunidades como um território, não só em termos físicos, mas como um lugar marcado por um histórico que possibilita enxergar parte de sua vida, e descobrir ali uma identidade que seja marcada por uma ligação de pertencimento entre sujeito e território.
Objetivo geral: Oferecer condições para que o jovem do campo se identifique com o território ao qual pertence.
Objetivos específicos:
 Identificar sua comunidade como território.
 Identificar na comunidade algo que a faz especial para o aluno, e retratar em uma maquete para que possa ser socializado depois com a turma.
Metodologia comentada: Em sala de aula, de início, fizemos uma dinâmica com os alunos, que serviu para apresentações dos participantes de uma forma menos formal e mais descontraída. No segundo momento, fizemos um levantamento prévio com a turma, com finalidade de sabermos o que eles entendiam por território. E todos, mesmo que usando de diferentes palavras, definiram território como um espaço geográfico. A partir disso, introduzimos o conceito de território mostrando uma outra versão que vai além do espaço geográfico, a qual envolve reconhecimento e pertencimento. Para explicar e exemplificar melhor, utilizamos de apresentação de slides e de um vídeo*. Foi um grande acerto a escolha do vídeo, que mexeu muito com o sentimento dos alunos. Foi um dos momentos mais emocionantes da atividade. Ao verem o vídeo os alunos deixaram transparecer a emoção de verem cenas que remetiam às suas realidades, às suas casas, ao seu território etc. Em seguida, propusemos uma atividade a ser desenvolvida na comunidade. Lá, os estudantes iriam identificar algo que fizessem daquele território algo especial para eles, podendo ser um espaço físico (como um rio, uma casa, um lugar no campo) ou, ainda, uma festa cultural, a convivência com as pessoas, o conhecimento popular. Ou seja, algo que tinha um significado para o aluno e que fazia dali um lugar especial para ele. Após essa identificação, o aluno retrataria o que foi identificado através de uma maquete. Com o retorno para a escola, cada aluno apresentaria sua maquete e relataria oralmente o que foi retratado, bem como a razão de sua escolha.
*As instruções da atividade e o endereço do vídeo estarão disponíveis nos anexos
Considerações sobre a atividade:
Os alunos nos surpreenderam muito. Não esperávamos que fossem se dedicar tanto. Seus empenhos ficaram notórios no encerramento da atividade, quando apresentaram as maquetes que confeccionaram, retratando algo que representasse seu território. E, principalmente através de suas falas nas apresentações, vimos que o nosso objetivo com a atividade foi alcançado com êxito.



Etapa
Ação
Meta da etapa
Conteúdo
Estratégia
Recursos
Tempo
Desequilíbrio
1
Abertura
Quebrar o gelo”
Apresentação
Em círculo, com uma bola os participantes irão lançando-a um para outro; O receptor dirá seu nome, comunidade e um hobby e a passará adiante. Terminará quando todos tiverem participado.
Bola
10 min.
-
2
Introdução
Apresentar a atividade
Território e identidade
Exposição oral
-
5 min.
-
3
Levantamento
Levantar o que já sabem sobre os conceitos de território e de identidade
Território e identidade
Perguntas orais
-
10 min.
-
4
Apresentação dos conceitos de território e de identidade
Apresentar os conceitos de território e de identidade
Conceitos de território e de identidade
Exposição oral
-
20 min.
X
5
Apresentação de vídeo
Provocar a despertarem o sentimento de pertencimento aos territórios.
Sentimento de pertença a territórios.
Vídeo O Brasil Caipira
Data show
Notebook
Caixa de som
26 min.
-
6
Problematização
Verificar quais pontos do vídeo tocaram mais e se estes estarão ligados ao sentimento de pertencimento aos seus territórios.
Sentimento de pertencimento aos territórios.
Participação dos alunos expondo com quais pontos se identificaram e porquê.
-
15 min.
-
7
Instruções para realizar uma atividade na seção casa
Que se certifiquem da atividade que realizarão.
Identificação com seu território.
Roteiro com instruções para realizarem a atividade.
Folhas xerocadas
14 min.
-
8
Encerramento
Verificar se o objetivo da atividade foi alcançado.
Representação do território.
Apresentação de maquetes e exposição oral.
-
50 min.
-



ATIVIDADE 2

Atividade: Apresentação dos direitos humanos
Duração: 60 minutos
Justificativa: Segundo Foucault, o poder surge das lutas, as quais caracterizam uma ação sobre ações possíveis, sendo sempre o modo de agir sobre um ou vários sujeitos ativos. Estas lutas, por sua vez, estão presentes o tempo todo em todos os lugares. Os direitos humanos também são resultados dessas lutas e de relações de poder. Vivemos em uma sociedade onde vemos os direitos dos cidadãos sendo violados em diversas situações e a todo instante. Muitos desconhecem seus direitos, e, em alguns casos, o abuso de poder toma a frente. É necessário conscientizar o cidadão que temos direitos e que estes devem ser respeitados para melhor convivência em sociedade.
Objetivo geral:
 Oferecer condições para que o jovem do campo se prepare para se posicionar perante a sociedade.
Objetivos específicos:
Conhecer os direitos humanos, entendendo que temos direitos e que devemos nos apropriar deles. Relacionar os direitos humanos com relação de poder. Identificar situações cotidianas em que os direitos foram violados por falta de conhecimento dos mesmos.
Metodologia comentada: De início foi apresentada a proposta da atividade e foi explicado para os alunos um pouco sobre o conceito de poder. Em seguida, dividimos a turma em duplas, sendo que cada uma recebeu uma folha de papel A4. Atribuiu-se a cada dupla “plenos poderes” de criarem direitos que os respaldassem perante a sociedade. Nesse momento, apesar de nosso pedido ser por nós considerado simples, os alunos estavam tímidos, sem saber ao certo o que escreveriam. Após a escrita, a folha contendo esses direitos foi exposta no quadro (sendo pregada com fita dupla face). Em seguida, foi entregue à turma a declaração universal dos direitos humanos impressa e também foi proposto um vídeo que apresentou, apoiado em ilustrações, os 30 artigos da declaração. Durante a apresentação do vídeo, estavam todos concentrados. Após terem assistido ao vídeo e com os direitos em mãos, retornamos à lista produzida pela turma. A partir disso, iniciou-se uma discussão comparando os direitos produzidos pelos alunos e os da declaração universal. Foram levantadas as seguintes indagações:
 Havia algum direito na declaração que até então não era do conhecimento de vocês?
Dentre os que foram produzidos, já havia algum na declaração, mas que vocês produziram porque não sabia que já existiam?
Dentre os que foram produzidos, Quais poderiam de fato ser acrescentados na declaração universal dos direitos humanos?
 Em alguma situação seus direitos já foram violados por desconhecê-los?
Considerações finais:
Avaliamos positivamente esse momento que tivemos com os alunos. Para nós, o ápice foi a problematização da atividade, onde a timidez que antes pairava deu lugar a uma participação ativa com contribuições significativas. De um modo geral os estudantes se mostraram autônomos, com muita confiança no que diziam. Constatamos que aquilo que havíamos proposto foi alcançado. Ao pedirmos para compararem a Declaração Universal dos Direitos Humanos com o que eles haviam produzidos, a conclusão tirada por eles e também por nós foi a de que muitos direitos que eles julgavam serem necessários ao ser humano na verdade já constavam na Declaração, e que o motivo pelo qual a maioria não conhecia esses direitos é a falta de informação. Os alunos levantaram várias questões, gerando mais discussão acerca da desigualdade social e do trabalho de menores de 18 anos. Tais debates remetiam sempre à pobreza, ao acesso à educação, à qualidade de vida etc. Por fim, notamos que, diante de toda a discussão que foi promovida, os alunos entenderam que os direitos existem, e que a partir de então a luta seria pela efetivação desses direitos.

Etapa
Ação
Meta da etapa
Conteúdo
Estratégia
Recursos
Tempo
Desequilíbrio
1
Abertura
Apresentação
-
Confecção de crachá
-papel
- fita adesiva
- hidro cor
5 min

2
Introdução
Apresentar a atividade e introduzir o conceito de poder.
Conceito de poder
Exposição oral
Data show
10 min

3
Grau de conhecimento
Levantar conhecimento prévio
Direitos humanos
Pedir para os alunos escreverem um direito
-Folha de papel A4
- canetas
-hidro cor
-fita crepe
5 min

4
Apresentação de vídeo
Apresentar os direitos humanos
Declaração Universal dos Direitos Humanos
Vídeo
-data show
20 min

X
5
Problematização
Relacionar vídeo, frases e realidade.
Direitos humanos
-Entrega da Declaração Universal dos Direitos Humanos impressa.
-Debate dirigido
Roteiro de perguntas
20 min




ATIVIDADE 3
Atividade: O estado e a formação da sociedade
Duração: 60 minutos
Justificativa: As sociedades primitivas são sociedades sem estado, sem um poder superior, em que não há ricos explorando pobres nem órgãos de poder separados. São sociedades indivisas. Muitos povos indígenas viveram assim, construindo sua identidade com base na própria cultura, porém se tornando alvos de julgamentos principalmente por parte dos europeus, como ocorreu historicamente nas Américas. É necessário atentar à questão de que o Estado não é algo eterno ou universal, e, assim como ele surgiu, um dia ele pode acabar. Assim, é possível viver em uma sociedade sem um poder concentrado nas mãos de poucos, sem essa divisão e, consequentemente, sem a desigualdade que decorre disso. Entender como viviam as sociedades primitivas é primordial para nos posicionarmos, com bons argumentos, diante da contemporaneidade. Podemos partir dessa temática para discutir a colonização dos índios pelos europeus, tirando deles toda uma história uma cultura, mostrando também, em contrapartida, a contribuição desses povos oprimidos para a formação do povo brasileiro.
Objetivo geral:
Oferecer condições para que o jovem do campo se sinta parte do processo de funcionamento, construção e transformação da sociedade.
Objetivos específicos:
Propiciar um momento reflexivo sobre a atual situação social e política do Brasil, atentando a possíveis mudanças. Identificar diferentes tipos de cultura que contribuíram com a formação do povo brasileiro. Relacionar a cultura de um povo com sua identidade. Identificar as mudanças ocorridas na forma de organização da sociedade.
Metodologia comentada: Primeiramente foi feita uma introdução sobre o conceito de Estado. Em seguida, foi passado um documentário, "O povo brasileiro", de Darcy Ribeiro. Após terem assistido ao documentário, com duração de 23 minutos, fizemos um momento de reflexão, no qual os alunos deram suas opiniões e expressaram o que entenderam. Assim a conversa foi conduzida levantando as seguintes questões:
- No início do vídeo Darcy Ribeiro coloca que os brasileiros podem reinventar o Brasil.. -Na concepção de vocês o que significa esse “reinventar o Brasil”?
-O que vocês acham do modo de vida desses povos?
- Seria possível vivermos em uma sociedade sem a presença do estado?
Considerações finais:
Ficamos contentes com o resultado da realização da atividade. Como os alunos já estavam cientes do nosso trabalho, não sendo a primeira vez que estaríamos tendo esse tipo de contato, foi algo mais tranquilo. Percebemos certa exaustão nos estudantes, por conta de outras atividades, e avaliamos isso como um ponto negativo para a proposta, pois isso diminuiu o rendimento deles. Foi algo mais perceptível no início da atividade e, no decorrer do processo, eles foram demonstrando interesse com grande participação. Os estudantes quiseram explorar a questão do poder nas sociedades primitivas, e conseguimos fazer um paralelo interessante entre estado e sociedade. Surgiram posicionamentos diferentes, resultando em uma problematização enriquecedora.



Etapa
Ação
Meta da etapa
Conteúdo
Estratégia
Recursos
Tempo
Desequilíbrio
1
Abertura
Que os bolsistas conheçam os alunos e vice versa
Apresentação
Lista de Presença
Folha de papel A4
Caneta
5

2
Introdução
Apresentar a atividade que será realizada
Estado e sociedade
Exposição oral
-
4

3
Introduzir o conceito de estado.
Conheçam o conceito de estado
Conceito de estado e o poder nas sociedades primitivas.
Exposição oral com apoio de slide
Data show
Notebook
10

4
Apresentação de um vídeo
Apresentar documentário sobre a formação do povo brasileiro (tribo tupinambá)
Formação do povo brasileiro
Vídeo
Data show
Notebook
Caixa de som
23

5
Problematização
Reflexão sobre a formação da sociedade e o poder do estado
Estado e sociedade
Roteiro de perguntas
Quadro
Giz
Apagador
18



X


ATIVIDADE 4

Atividade: Refletindo sobre o preconceito
Duração: 60min
Justificativa: No processo de formação da própria identidade, é necessário identificar as pessoas e as relações sociais capazes de transformar e influenciar o comportamento humano. Isso, nas mais diversas esferas: cultura, tradição, religião, raça etnia etc. É importante que os alunos percebam que somos todos iguais e que temos que aceitar e conviver bem com todos ao nosso redor, sem tratar os outros com diferença pela sua aparência física ou por sua condição social.

Objetivo:
Oferecer condições para que o jovem do campo perceba que vivemos em meio a uma sociedade preconceituosa que julga pelas aparências.
Objetivos específicos:
Identificar em si mesmo atitudes preconceituosas. Identificar pessoas pelas suas características sem mesmo antes conhecê-las.
Metodologia comentada:  Foram realizadas duas dinâmicas para que pudéssemos juntos perceber o quanto julgamos pelas aparências e não reconhecemos que somos todos iguais e que devemos ser tratados da mesma forma. No primeiro caso, com a “DINÂMICA PARA TRABALHAR PRECONCEITO E EXCLUSÃO”, colocamos etiquetas nos alunos com frases como “me abrace”, para que os alunos pudessem interagir entre si de forma que o aluno etiquetado não soubesse o que estava escrito em seu adesivo. Em uma outra dinâmica, apresentamos a seguinte situação hipotética: “Houve uma catástrofe nuclear, o futuro da humanidade está em jogo e existe um abrigo subterrâneo que pode abrigar somente seis pessoas para sobreviver. Faça sua escolha e destaque somente seis sujeitos dessa lista.” Na lista em questão, estariam apenas as características, mas não os nomes, desses possíveis sobreviventes. Os estudantes, divididos em grupos, deveriam fazer a escolha das pessoas que salvariam. Os alunos ficaram surpresos ao revelarmos os personagens por trás de suas respostas e perceberem como foram preconceituosos em suas escolhas, levando-os a refletirem. Ao final de ambas as dinâmicas fizemos uma reflexão sobre preconceito e racismo, em que ficou evidenciado que muitas vezes julgamos pelas aparências e sem conhecer os outros de fato, partindo de alguns atos isolados. Os alunos participaram com muitas contribuições, inclusive fazendo questionamentos, e se posicionando diante de fatos que acontecem na sociedade.
Considerações finais:
A atividade foi simples, sem muita complexidade, porém através da mesma conseguimos abordar questões de grande importância, com momentos reflexivos. Segundo os alunos, foi uma ótima atividade e que todas deveriam ser assim. Por ser uma atividade bem dinâmica, despertou mais o interesse deles, aumentando a participação e contribuindo ainda mais para que ao final tivéssemos um bom desempenho. Alcançamos, assim, o objetivo proposto.

Etapa
Ação
Meta da etapa
Conteúdo
Estratégia
Recursos
Tempo
Local
Deseq.
1
Introdução
Despertar o interesse para a atividade.
-
Dizer que será uma atividade dinâmica.
-
5 min.
Sala de aula
-
2
Apresentação da dinâmica
Observar como os alunos reagirão diante da dinâmica
Preconceito. Rotulação da pessoa.
Dividir a turma em três grupos e entregá-los um exercício, para que resolvam.
Folha xerocada
5 min.
Sala de aula
-
3
Debate interno em cada grupo.
Espera-se que os integrantes dos grupos discutam e cheguem a um consenso coletivo.
Preconceito. Rotulação da pessoa.
Cada grupo realizará suas discussões internamente.
Folha xerocada
10 min.
Sala de aula
-
4
Análise das respostas da atividade
Espera-se que reflitam sobre a questão do preconceito, envolvendo a rotulação de pessoas.
Preconceito. Rotulação da pessoa.
As respostas de cada grupo serão expostas no quadro, com o intuito de compará-las e compreender o motivo das escolhas, gerando uma reflexão.
Quadro e giz
15 min.
Sala de aula
X
5
Rotulação dos alunos
Proporcionar um momento de descontração
Preconceito. Rotulação da pessoa.
Colocar nos alunos etiquetas com frases. Nenhum saberá o que está escrito. Estes deverão interagir com os colegas, que se comportarão de acordo com o que está na etiqueta.
Etiquetas
10 min.
Sala de aula
-
6
Problematização
Finalizar a atividade refletindo nossas ações no dia a dia
Preconceito
Momento de reflexão conduzido por um roteiro de perguntas.
Roteiro de perguntas
15 min.
Sala de aula
-
ATIVIDADE 5
Atividade: Reforma agrária no Brasil
Duração da atividade: 60 minutos.
Justificativa: A centralidade da reforma agrária não tem sido o ponto mais forte de estratégias dos partidos socialistas. Não que eles não aderiram à causa, mas ainda falta enxergar que é esse o ponto central de transformação do país. Trabalhar a questão agrária remete também ao interesse dos alunos, uma vez que vieram do meio rural, o qual revela a realidade do povo do campo.
Objetivo geral:
Oferecer condições para que o jovem do campo se sinta parte do processo de funcionamento, construção e transformação da sociedade.
 Objetivos específicos:
Identificar a atual situação da reforma agrária no Brasil. Construir criticidade em relação ao contexto atual da reforma agrária, compreendendo seus objetivos e lutando por ela.

Metodologia comentada: De início introduzimos o tema, explicando o conceito de reforma agrária. Em seguida dividimos a turma em grupos e distribuímos algumas charges impressas para fazemos uma dinâmica e discutir o tema reforma agrária. Na dinâmica, denominada “Bocas e Ouvidos”, cada grupo debateu as charges e um representante apenas seria o “boca”, falando em nome de todos, sendo os demais componentes os “ouvidos”.  Todos poderiam expressar suas opiniões, porém através de um representante, o que demandou muita organização dos próprios alunos. No final da atividade, fizemos uma avaliação geral.
Avaliação geral:
A atividade foi muito proveitosa, teve boa participação dos alunos. Eles colocaram suas experiências e posicionamentos acerca do tema. Acreditamos, então, que o objetivo foi alcançado. Porém, o tempo para a execução da atividade limitou um pouco a discussão. Durante a dinâmica, na qual dividimos os estudantes em quatro grupos, tivemos uma enorme participação.
Etapa
Ação
Meta da etapa
Conteúdo
Estratégia
Recursos
Tempo
Desequilíbrio
1
Introdução ao tema
Introdução ao tema e a alguns conceitos importantes
Definição de reforma agrária.
Explicação oral.
Perfeccionismo -
5 m

2
Apresentação da dinâmica.
Compreensão sobre como ocorrerá a dinâmica e posterior debate.
Texto e charges sobre reforma agrária
Divididos em grupos farão análise das charges e leitura dos textos
Material impresso
20 m

3
Debate a partir das análises
Reflexão e questionamento do que foi analisado e lido sobre reforma agrária
Contexto atual da reforma agrária? Quais as barreiras? Como cada grupo se posiciona em relação ao tema?
Debate feito através de dinâmica (grupo boca e grupo ouvido). Um representante de cada grupo. Ao todo 4 vão colocar o posicionamento do grupo.
-
25 m






X
4
Finalização da atividade
Reflexão sobre o que foi possível alcançar com a dinâmica.
Missão a qual temos de lutar pela reforma agrária.
Conversa com os alunos, também procurando ouvi-los.
-
10 m



ATIVIDADE 6

Atividade: Cultura e identidade.
Duração: 60 minutos
Justificativa: A construção da identidade é um processo que envolve todo um contexto. Sabemos que a identidade é construída, nunca acabada, mas a principal questão levantada é de como se dá essa construção: como ela acontece, a partir de quê, por quem e para quê. A cultura exerce um papel muito importante na formação do indivíduo. Inseridos em um mundo de tanto preconceito e julgamentos, faz-se necessário também trabalhar a questão do respeito à cultura do outro, da identidade do outro e de tudo que nos remeta a diferenças.
Objetivo geral: Possibilitar que o jovem do campo reconheça e valorize sua cultura enquanto parte da sua formação.
Objetivos específicos:
Identificar aspectos formadores da sua cultura. Refletir sobre a noção de respeito à cultura do outro. Levantar indagações sobre o pertencimento a determinada cultura e sua valorização enquanto parte da formação da identidade do indivíduo.
Metodologia comentada: Para uma melhor compreensão do tema em sala de aula, foram introduzidos alguns conceitos relacionados a cultura e identidade, sempre procurando ouvir dos alunos seus entendimentos, opiniões e colocações acerca da discussão. Após essa etapa, foram apresentadas algumas manifestações culturas brasileiras: vilão, frevo, quadrilha, maracatu, entre outras. A discussão continuou com os alunos trazendo aspectos e expressões culturais de suas próprias comunidades e regiões. Esse momento de socialização por parte dos estudantes fez com que eles vissem o quanto as diferentes regiões do Brasil são ricas culturalmente. Ressaltou-se, também, a importância de se valorizar e respeitar cada uma dessas manifestações.  
Considerações sobre as atividades:
A atividade envolveu uma participação muito significativa dos alunos, que trouxeram muitas opiniões e comentários. Foi notável a expressão do entendimento da atividade: os estudantes se sentiram na missão de valorizar suas culturas e de respeitar quaisquer que sejam as outras culturas com as quais eles entrem em contato.


Etapa
Ação
Meta da etapa
Conteúdo
Estratégia
Recursos
Tempo
Desequilíbrio
1
Apresentação dos participantes
Conhecer os participantes
Nome e cidade ou comunidade.
Os participantes falam seus nomes e o lugar onde vivem
-
10

2
Apresentação da atividade
Conhecimento do projeto BIBID e introduzir a atividade
Compreensão do projeto ligando a cultura e identidade
Conversa sobre o tema do subprojeto e o tema da atividade
Data show e computador
15

3
Explicação do conteúdo
Demonstrar um pouco da cultura e identidade de uma forma geral, exemplificando algumas manifestações culturais.
O tema cultura e identidade
Através da utilização de slides e diálogo com os estudantes
Data show e computador
20

4
Debate
Participantes expressem a realidade cultural local, relatem as manifestações culturais e mudanças que ocorreram
A realidade associada com o tema
Através de perguntas direcionadas aos estudantes e provocações
-
15




ATIVIDADE 7
Atividade: Territorialidade e pertencimento para além da questão de terras.
Duração da atividade: 60 minutos
Objetivo:
Abordar o tema território, para que o aluno se identifique com o local onde vive, não só como um espaço ou como um grupo de pessoas concentrado em um lugar, mas sim como parte de sua identidade.
Objetivos específicos:
Possibilitar aos alunos entender suas comunidades como um espaço de vivência. Despertar nos alunos o sentimento de pertença.
Metodologia comentada: De início, introduzimos o tema buscando compreender o conhecimento prévio dos alunos sobre as questões a serem abordadas. Em seguida, apresentamos os conceitos que julgamos pertinentes, utilizando como instrumento uma apresentação de slides. Após a apresentação dos conceitos, os alunos expressaram em um debate suas opiniões a respeito do tema. E, para exemplificar o que estava sendo debatido, colocamos uma música relacionada ao tema. Isso, principalmente com a finalidade de sistematizar e contextualizar o processo de ocupação do alto Jequitinhonha, fomentando e socializando com os alunos estratégias de agência social.
Considerações finais: A atividade foi exitosa. Acreditamos ter conseguido alcançar os objetivos que havíamos proposto. Entendemos que a metodologia utilizada foi boa, por termos desenvolvido a atividade do início ao fim sem que a mesma ficasse cansativa para os estudantes, que ficaram atentos durante todo o processo. Além disso, a proposta proporcionou, a todo momento, uma discussão da qual eles eram os participantes principais.

Etapa
Ação
Meta da etapa
Conteúdo
Estratégia
Recursos
Tempo
Desequilíbrio
1
Introduzir o tema
Compreender o que será trabalhado
Noção dos alunos sobre o tema
Cada aluno escreverá em uma tarjeta uma palavra que para ele defina sua comunidade e a colará em um mapa do Vale do Jequitinhonha.
Cartolina, folhas A4 e pincéis
10m

2
Apresentação de conceitos e discussão
Compreensão e contextualização sobre os conceitos abordados
Espaço geográfico, identidade, relações de poder, território
Apresentação de slides
Data show e notebook
20m

3
Interpretação e debate de uma música
Reflexão e associação da música com a realidade do Alto Jequitinhonha
Conflitos / Desapropriação e desterritorialização
Música
Caixa de som e notebook
10m

X
4
Apresentação do processo de ocupação do Alto Jequitinhonha
Compreendam o histórico das terras e territórios do Alto Jequitinhonha
Breve histórico de ocupações de terra e desapropriação.
Apresentação de slides
Data show e notebook
10m

5
Capacidade de agência
Relação com o território ao qual pertencem e poder de agência em sua localidade na defesa e valorização do território.



7m

6
Fechamento
Finalização da atividade
A terra como um espaço de cultura, história e vivências
Poema

3m




d) Outras sugestões de materiais (links e referências, textos lidos)
BENEDICT, Ruth. A diversidade de culturas. Padrões de cultura. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

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