O PIBID em ação na Escola Família Agrícola de Veredinha
O
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, materializado no
projeto PIBID-Diversidade da UFVJM, é um projeto vinculado ao curso de
Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri (LEC-UFVJM) e conta com o apoio financeiro da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Considerando
a natureza interdisciplinar que caracteriza uma Licenciatura em Educação do
Campo, as ações do projeto são construídas a partir dos princípios da
interdisciplinaridade e transversalidade, abrindo espaço para o diálogo entre
culturas e diversidade de saberes.
O
PIBID Diversidade foi inserido na Escola Família Agrícola de Veredinha (EFAV)
em fevereiro de 2015, sendo a equipe formada por nove bolsistas, todos
licenciandos da LEC-UFVJM; uma professora supervisora, funcionária da EFAV;
dois coordenadores de área e um coordenador do projeto PIBID Diversidade local,
todos docentes da LEC-UFVJM.
A escola em questão, situada na comunidade de Gameleira,
município de Veredinha, dentro da região do Alto Jequitinhonha, estado de Minas
Gerais, trabalha com o ensino médio integrado ao curso técnico em agropecuária.
A existência de tal EFA é resultado de uma mobilização de agricultoras e
agricultores familiares, lideranças comunitárias e sindicais, associações
diversas, além de outras pessoas e entidades comprometidas e preocupadas com o
desenvolvimento sustentável da região. A proposta político-pedagógica da EFAV
baseia-se nos princípios da Pedagogia da Alternância, em que o aluno passa um
período de tempo na escola e outro em sua comunidade, por se enxergar que o
processo educacional que se dá nestes espaços não devem estar separados. A
filosofia da escola é atingir uma educação de qualidade, enfatizando técnicas
que propiciem o fazer coletivo e o saber coletivo, permitindo a reflexão
crítica e dando condições ao educando de posicionar-se como sujeito de
conhecimento. Nesse sentido, procura garantir, assim, uma educação de qualidade
voltada para o meio onde ele se encontra, valorizando o saber empírico e as
culturas e tradições locais, ao mesmo tempo em que aplica o conhecimento
adquirido em favor do local.
Tendo em vista esse contexto de
atuação, desde o início do projeto a proposta de trabalho foi construída
levando em consideração tanto o objetivo do PIBID de promover a formação
docente de graduandos como também uma demanda da EFAV em relação à formação
social e política dos jovens atendidos. Dentro disso, escolhemos como tema do
projeto na escola “A formação social e política dos jovens do campo”. Em nossa
proposta de trabalho, desenvolvemos no espaço escolar várias atividades que
consideramos promotoras dessa formação pretendida, tendo como foco os seguintes
objetivos:
i)
Desenvolver a compreensão acerca do tema “formação social e política de jovens
do campo”.
ii)
Desenvolver a compreensão acerca de múltiplos processos de aprendizagem.
iii) Desenvolver habilidades adequadas ao exercício da
docência (planejamento, construção de atividades, seleção de materiais de
referência etc.).
A atuação do
PIBID Diversidade na EFAV em 2015 foi um modo de se colocar em prática essas
demandas, ainda que de modo exploratório. O resultado desse trabalho foi bem
recebido pela escola e entendido como algo relevante para a própria EFA e
também para as comunidades envolvidas. Nas palavras do coordenador da EFAV,
Clébson Souza de Almeida:
O trabalho realizado durante o ano de 2015 pela
equipe do PIDID - Diversidade na Escola Família Agrícola de Veredinha
influenciou diretamente no ensino/aprendizagem dos estudantes. As estratégias
didáticas foram, em sua maioria, eficientes ao inter-relacionar as diferentes
áreas do conhecimento com a reflexão política sobre os modelos de
desenvolvimento do Campo. É perceptível o avanço na compreensão dos jovens
sobre o projeto que a EFA propõe, assim como no sentimento de pertencimento
pelos mesmos.
Com base nessa experiência,
portanto, espera-se que o presente material possa auxiliar demais educadores,
atuando em diferentes contextos, na formação social e política de jovens do
campo.
No início de
nosso processo de atuação, levantamos alguns parâmetros que julgamos centrais
na formação social e política de jovens do campo, os quais nortearam o
desenvolvimento do projeto e também servem de base para a construção e para o
entendimento da presente cartilha. São eles:
·
Oferecer
condições para que o jovem do campo entenda a realidade de modo autônomo e
crítico;
·
Oferecer
condições para que o jovem do campo entenda a realidade do local onde vive;
·
Oferecer
condições para que o jovem do campo se identifique com o território ao qual
pertence;
·
Oferecer
condições para que o jovem do campo se sinta parte do processo de
funcionamento, construção e transformação da sociedade;
·
Oferecer
condições para que o jovem do campo esteja atento aos seus direitos e deveres;
·
Oferecer
condições para que o jovem do campo entenda que é um cidadão;
·
Oferecer
condições para que o jovem do campo se prepare para se posicionar perante a
sociedade.
COMO FAZER FORMAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA DE JOVENS DO CAMPO?
A presente
proposta é estruturada, principalmente, em dois grandes blocos. Nesta seção,
procuramos elaborar um roteiro de como iniciar, na prática, um processo que
permita um trabalho de formação social e política de jovens do campo a partir
de uma realidade local, contextualizada. Na próxima seção, apresentaremos
alguns materiais criados por nós nesse processo, os quais podem servir de apoio
ou modelo ao educador interessado no tema em questão.
Aqui, o intuito é
o de mostrar, a partir de nossa própria vivência, um modo possível de propor e
executar atividades para tal formação social e política que partam da realidade
local em que se pretende atuar. Esse processo se constitui, pelo menos, de três
etapas: levantamento e análise de informações nas comunidades envolvidas;
levantamento bibliográfico sobre o tema; criação de atividades a partir dos
levantamentos realizados.
a)
Levantamento e análise de
informações nas comunidades envolvidas.
Para trabalhar com FSPJC, entendemos que a proposta
deve ser contextualizada e deve partir, primeiramente, de um levantamento sobre
como é entendida entre as comunidades envolvidas essa formação, além de quais
práticas a respeito desse tema já existem na comunidade e nos espaços
educativos locais. Entendemos que esse tipo de levantamento pode ser
feito de diversos modos: elaboração de roteiro de perguntas, visitas de
observação, conversas/entrevistas com pessoas das comunidades (pais,
professores, estudantes), observação de grupos focais (jovens; adultos;
professores), análise de documentos. A seguir, apresentamos um breve relato de
como fizemos esse levantamento no contexto da EFA Veredinha, considerando a
comunidade escolar e duas outras comunidades relacionadas à EFAV, nas quais
moravam alguns dos estudantes com que trabalhamos.
Para realização do
levantamento de informações na comunidade, buscando compreender e conhecer
aspectos locais da Formação Social e Política dos Jovens do Campo, foi
necessário que elaborássemos um roteiro de pesquisa que funcionou como um apoio
no momento do estudo realizado nas comunidades. Roteiro esse que continha
questões que consideramos fundamentais na compreensão de como as comunidades
entendem o tema Formação Social e Política. No questionário que elaboramos,
consideramos os seguintes aspectos como importantes:
i)
O que você acredita ser essa formação política e social de jovens do campo?
ii)
O que você entende por uma visão crítica de mundo?
iii)
Você acredita que entender a formação social e política de jovens do campo é
importante para EFA e para as comunidade rurais? Por quê?
iv)
Qual ambiente é o mais propício para a construção social e política de jovens
do campo?
v)
Uma formação política e social acontece na escola e nas comunidades? Se sim, de
que forma essa formação acontece?
Tais
questões contribuíram para que entendêssemos como o tema é percebido no
ambiente escolar e social desses jovens com os quais trabalhamos. Realizamos
pesquisas com base nos roteiros de pesquisa elaborados com o intuito de
conhecermos a visão das pessoas sobre FSPJC tanto na comunidade escolar quanto
nas comunidades atendidas pela EFAV.
A
realização de visitas às comunidades foi de grande importância para
compreendermos e observarmos se e como se dá a formação social e política dos
jovens do campo em seus cotidianos. Entrevistas foram realizadas a fim de se
saber como os moradores entendem o tema e como veem a sua importância para os
jovens na construção de conhecimento através de processos de formação que
possam ser críticos e autônomos. Grupos em específico – no caso, crianças,
jovens, adultos e idosos – foram observados para se investigar como esse
processo ocorre em cada fase do desenvolvimento, com um intuito de tentarmos
perceber melhor se o processo de formação se dá de forma diferente em cada fase
da vida. Conversamos com alunos, monitores da EFA, pais de alunos e os demais
membros da comunidade. Com base no entendimento dos envolvidos no levantamento
acerca do que seria FSPJC foi que norteamos os nossos estudos teóricos,
procurando trabalhar assim com temas que contemplassem as necessidades
apresentadas pelo público envolvido como, por exemplo: território, identidade,
direitos humanos, cultura etc. Para nos dar suporte e estarmos minimamente
preparados, procuramos nos embasar em alguns autores de referência em suas
áreas e que debatessem tais temáticas.
b) Levantamento bibliográfico sobre o
tema da formação social e política de jovens do campo.
Em conjunto com a pesquisa nas
comunidades, entendemos como importante nesse processo de aqui sugerido uma
revisão bibliográfica que auxilie o educador na reflexão sobre o que se
observou nas investigações realizadas, além de dar suporte à elaboração e
execução de atividades educativas ligadas a essa formação social e política
pretendida. Na experiência aqui relatada, esse levantamento de textos foi
realizado a partir de dois elementos: os itens por nós previamente definidos
sobre “o que significa fazer formação
social e política de jovens do campo” (ver seção IV), bem como as
necessidades que as investigações feitas nas comunidades trouxeram. Foram
escolhidos, dentro desse movimento, leituras a serem debatidas e posteriormente
fichadas. No decorrer desse processo, o qual teve duração de aproximadamente um
ano, um conjunto de textos foi mensalmente lido e debatido como parte dos
encontros do PIBID Diversidade, fomentando ainda mais a discussão acerca do
tema. Toda essa bibliografia mencionada contribuiu para que tivéssemos um maior
embasamento teórico para trabalhar o tema em questão.
Esse processo
apresentado é apenas um caminho possível para um primeiro contato com textos
pertinentes para a discussão sobre “Formação Política e Social de Jovens do
Campo”. Entendemos que pode ajudar o educador interessado em trabalhar com
essas questões um estudo sobre temáticas atualmente colocadas como relevantes
para os sujeitos do campo em contextos acadêmicos e escolares, tais como:
território, identidade, sujeito, Estado, questão agrária e política pública.
Consideramos uma reflexão sobre tais temas como um elemento crucial para a
formação crítica de sujeitos no contexto aqui em foco. A partir do levantamento
de questões locais, outros temas ainda podem ser trazidos para reflexão e
debate.
Para quem ainda
procura um ponto de partida para toda essa discussão, constam na parte de
material de apoio algumas sugestões de leitura consideradas relevantes,
seguidas de fichamentos realizados por nossa equipe.
c)
Elaboração de
atividades a partir dos levantamentos realizados
Após todo o levantamento feito,
elaboramos algumas atividades para serem executadas com os estudantes, de modo
atento a quem eram esses sujeitos e ao contexto em que essas práticas se
realizariam. Levamos em consideração que é preciso conhecer um pouco mais
concretamente a realidade desse público, a fim de escolhermos temáticas
voltadas para esse jovem e pautarmos discussões a partir de seu interesse. Com
base nos temas escolhidos para a realização das atividades, buscamos
possibilitar que o estudante fizesse um movimento de imergir na sua realidade
local e emergir na realidade global. Um exemplo que pode ilustrar essa
tentativa de articular essas esferas do global e do local seria o modo como a
questão dos diferentes preconceitos existentes na comunidade foi e pode ser
trabalhada. Procurou-se refletir sobre como a comunidade do aluno é afetada por
essa questão e como a discussão sobre preconceitos se dá na sociedade em geral.
Isso, além de se ponderar quais são as diferenças e semelhanças acerca das
visões que se tem deste tema na comunidade e também em contextos mais amplos,
ou quais influências a realidade global pode trazer na realidade local do
aluno.
No processo de elaboração das
atividades, ainda levamos em consideração diferentes estilos de aprendizagem, a
fim de garantir que as ações realizadas pudessem gerar nos alunos desequilíbrio
e inquietude, levando-os a enxergar a realidade sob outra perspectiva,
instigando-os a buscar sempre de forma crítica mais conhecimentos. Um resultado
mais detalhado desse processo de criação e aplicação de propostas de ações educativas
está ilustrado na próxima seção, na qual consta a apresentação e a explicação
detalhada de algumas atividades realizadas.
Pensando
em um bom planejamento para execução das atividades, criamos um quadro que
detalha diversas informações sobre as atividades, nas diferentes etapas de sua
realização. Além de um instrumento que nos auxiliou no desenvolvimento das
atividades que foram executadas por nossa equipe nessa experiência em conjunto
com a EFAV, vemos nesse quadro, também, uma tecnologia que poderá contribuir
como um guia para educadores/leitores que venham a desenvolver algum tipo de
atividade de formação a partir de processos semelhantes ao aqui apresentado. Na
seção seguinte, você encontrará atividades já sistematizadas nos quadros e,
nessas, poderá conferir cada item em ação. Abaixo consta a estrutura de quadro
utilizada:
Etapa
|
Ação
|
Meta da etapa
|
Conteúdo
|
Estratégia
|
Recursos
|
Tempo
|
Desequilíbrio*
|
A sequência a ser seguida na atividade. Número da etapa.
|
O que será feito nesta etapa
|
O que se espera alcançar na etapa
|
O que será trabalhado nesta etapa
|
Como o conteúdo da etapa será trabalhado
|
O que será necessário para a realização da etapa
|
Minutos necessários para a realização da etapa
|
Etapa privilegiada para a construção do conhecimento
|
*Consideramos
como um momento de desequilíbrio quando o aluno se depara com alguma informação
ou algum acontecimento que provoca uma inquietude em relação aos seus
conhecimentos já existentes. Essa inquietude permite um contraste entre o que
já se conhecia e novas formas de enxergar um mesmo problema, favorecendo a
busca por novos conhecimentos. A existência deste momento na realização das
atividades era prevista e até esperada, porém não podíamos detectar de antemão
em que momento este desequilíbrio ocorreria. Sugerimos a você leitor que busque
identificar este momento posteriormente à realização da atividade, em um
momento avaliativo, objetivando compreender se a atividade teve esse propósito
de desestabilização alcançado.
MATERIAIS DE APOIO PARA A CONSTRUÇÃO E
EXECUÇÃO DE ATIVIDADES
Nesta seção apresentamos um conjunto
de materiais produzidos que podem servir de apoio às iniciativas de formação
social e política de jovens do campo. São materiais produzidos no decorrer da
experiência do projeto PIBID Diversidade na Escola Família Agrícola de
Veredinha em 2015.
a) Resultado do levantamento feito nas comunidades
O presente relato é um pequeno e certamente incompleto resumo da
investigação a respeito de como as comunidades envolvidas entendem a formação
social e política de jovens do campo. Mais especificamente, essa pesquisa
envolveu a comunidade escolar da EFAV, bem como as comunidades de Caquente e
Macaúbas, de onde vêm parte dos estudantes da escola. Buscamos compreender
principalmente os seguintes pontos: como cada uma das comunidades em questão
(Caquente, Macaúbas e a comunidade escolar da EFAV) entendem a formação social
e política dos jovens do campo? Como a EFAV trabalha com esse processo de
formação social e política?
Na comunidade escolar foram encontrados diversos posicionamentos,
dentre os quais destacamos alguns. Naquele espaço, a formação social e política
de jovens do campo é pensada como algo que visa fazer com que o jovem
compreenda de forma autônoma a realidade onde vive, o contexto mundial que o
cerca; que o ajude a compreender questões ligadas às políticas públicas e a
questões sociais mais amplas. Em grande parte das entrevistas os alunos
afirmaram que essa formação social e política deve ser a busca para levar a
outros o conhecimento, transformando-o assim em um multiplicador e formador de
políticas sociais para os jovens do campo, promovendo uma visão ampla sobre o
mundo, buscando oportunidades e conscientizando a sociedade. No pensamento dos
alunos, essa formação social é mais voltada para a sociedade e para a política
social, visando discussões que envolvem questões de Estado e de governo.
Para alguns pais de alunos da EFAV, essa formação se dá nas
interações do jovem dentro da sociedade, ou seja, através de experiências
sociais. Na entrevista com os monitores da EFAV, destacou-se a
ideia de que ter uma visão crítica do mundo é analisar situações, sabendo como
lidar com elas, tendo uma observação construtiva do que pode acontecer no
mundo, formando cidadãos conscientes, melhorando a qualidade de vida e
combatendo a desigualdade social.
Ao
pesquisarmos diferentes grupos, portanto, encontramos visões diferentes, embora
em algum momento sobrepostas. Alguns pais, por exemplo, reforçam, no
entendimento sobre o que é visão crítica, a percepção de que não podemos
acreditar em tudo que ouvimos e, por isso, devemos analisar as informações e
buscar um objetivo satisfatório para nossas ações. Alguns estudantes alegaram
que ter uma visão crítica é lutar pelos direitos e ter opiniões próprias, tendo
“voz e vez”, colocando suas ações desejadas em prática e sempre almejando mais.
E, nesse contexto, nosso desafio foi tentar abarcar essa complexidade de
opiniões e expectativas no momento de criar e propor atividades e dinâmicas
para a formação proposta.
Sobre a importância da formação
social e política de jovens do campo, na amplitude escolar e na comunidade
vimos que os monitores acreditam que ela é importante, pois na medida que os
jovens se informam a respeito do tema abordado, desperta-se neles um senso
crítico e podem contribuir para as decisões políticas e nas organizações
sociais. Já os alunos acreditam que a escola ajuda muito com a comunidade em
busca de novas técnicas e auxílios despertando um conhecimento coletivo em
busca do objetivo, tendo uma melhor formação e preparação para serem
transmitidos. Por sua vez, os pais dizem que entendem que essa formação
possibilita aos jovens e relacionar em sociedade.
Ambos
afirmam que o ambiente que possibilita melhor essa formação seria uma junção
entre família, escola e comunidade, pois a atuação política e social se dá em
qualquer espaço. Essa formação predomina nos tempos atuais nas escolas em
geral, embora de certa forma já vem acontecendo nas comunidades dos alunos da
EFAV, a busca de novas formas de conhecimentos e oportunidades, sempre buscando
conscientizar os jovens sobre seus direitos, para a busca de melhorias e
oportunidades, assim obtendo respeito e consciência, contribuindo para a
conquista de interesses do coletivo em prol do bem-estar social.
Em
visitas às comunidades para a observação de como ocorre a formação política e
social dentro da comunidade, pudemos perceber que, na comunidade de Macaúbas,
ocorrem várias formas de interação que promovem essa formação, como o projeto
de fortalecimento de vínculo em parceria com o CREAS(Centro de Referência
Educacional e Assistência Social) de Veredinha, que tem como principais funções
evitar o trabalho infantil e abusos de menores, para proporcionar um lazer às
crianças e jovens da comunidade, com projetos de socialização e proteção a esse
público em que é destinado e em oficinas para interação dos mesmos. Nos foram
repassadas informações de que os jovens da comunidade diminuíram muito com o
passar dos anos, em busca de melhores oportunidades de trabalho em cidades
vizinhas. Os jovens que ali ainda residem têm ativa participação em eventos
dentro da própria comunidade, principalmente em eventos religiosos e em grupos
da associação da igreja. Como a comunidade tem uma escola com alfabetização de
1° ao 5° ano para continuar os estudos os estudantes vão para Veredinha ou para
a EFAV para cursarem o ensino médio. Algumas instituições ativas dentro da
mesma que proporcionam momentos de lazer e aperfeiçoamento como o CAV e
ADECAVE, como oficinas que envolvem todos os públicos dentro da comunidade,
crianças, jovens, adultos e idosos.
Em
nossa visita a Caquente vimos que há uma associação de moradores, a qual tem
parceria com o projeto Sotoyama do CAV junto à AFAVE. Existem outras
associações, como a ADECAVE, que possuem projetos voltados a crianças e
adolescentes para atender as famílias do local. A prefeitura promove a formação
de jovens e adultos através do EJA. Também vimos que, assim como em Macaúbas,
os moradores e seus familiares participam ativamente das festas tradicionais
das comunidades. São pessoas, ainda, que têm participação ativa em conselhos e
organizações que buscam promover melhorias na comunidade.
Com
o estudo foi possível analisar as várias visões sobre como acontece a formação
social e política dos jovens nos dois ambientes observados um ponto em comum
observado foi acerca da visão crítica de mundo em que ambos disseram que seria
importante para que os jovens pudessem ter mais voz e autonomia em ambiente que
pudessem falar sobre seus conhecimentos.
b) Fichamentos de textos acerca do tema formação social e política
de jovens do campo
Os fichamentos a seguir são fruto dos
levantamentos realizados e podem servir de modelo e mesmo de referência para o
desenvolvimento de atividades.
i) BONETI, Lindomar Wessler. Estado, sociedade civil e políticas
públicas. Políticas públicas por dentro. Ijuí: UNIJUI, 2011.
A fim de tentar entender o processo de elaboração e funcionamento
das políticas públicas, o texto discute a relação entre o Estado, as classes
sociais e a sociedade civil, por se pressupor que é destas relações que nasceu
a necessidade das políticas públicas. Neste sentido buscaremos entender como
ocorre a relação do Estado com a sociedade e com a sociedade civil, de onde
saem as políticas públicas.
É-nos chamada a atenção com relação ao papel do Estado, que hoje
passa a não ser mais unicamente um instrumento das classes privilegiadas, mas
também não se resume unicamente como conjunto de leis para a sociedade. Essa
forma de se ver o Estado exige mudanças, que se devem à globalização e a
alterações econômicas, como nos coloca o autor. Considerando uma nova relação
entre Estado e sociedade civil, Boneti levanta a questão das políticas públicas
não como algo criado com fundamentação jurídica, ou com base em interesse de
classes dominantes, mas como algo também de interesse do Estado, que nesta
conjuntura não seria neutro como pensa a maioria. As políticas públicas em nome
atendem todas as classes, é feita para o povo, e isso é interessante ao Estado
por negar o aparecimento de conflitos devido à correlação de interesses. Mas
ainda nos é relembrado que isso não significa dizer que as classes dominantes
não tenham predileção.
E ainda falando das interferências na criação das políticas
públicas o autor deixa claro que na sociedade de hoje essa fica a mercê não
unicamente dos interesses das classes dominantes ou de esquerda, mas também
sobre influência maior de fatores nacionais e globais. As políticas públicas
criadas não visam totalmente o interesse das classes, existindo uma correlação
de interesse maiores, nacionais e globais, que resultarão nas definições
locais. E nessa linha de raciocínio Boneti esclarece que independentemente de
ser nacional, local ou global, o local de onde partem as discussões em torno das
políticas públicas, o fato é que são pessoas que estão no poder que vão
discuti-las, e é claro que essa discussão será sempre sobre o viés do interesse
dos agentes do poder. O que mais uma vez reforça o que discute o autor com
relação à ideia de um Estado não neutro que se move por valores ideológicos,
éticos e culturais. Nesse sentido, não teria como pensar o Estado separado da
sociedade civil.
Após a apresentação do que é o Estado nos é apresentada a
definição de políticas públicas, sendo elas na verdade, uma correlação de
forças entre os grupos de poder, uma necessidade social levantada em debates
públicos, que passam por um processo de estatização e se configuram políticas
públicas.
Boneti cita o estudo de Poulantzas para concluir que existe uma
relação direta do Estado para com as classes sociais, e que é destas relações,
e das correlações de forças que se originam as políticas para as classes, e
todo o jogo político existente.
ii) CASTELLS, Manuel. A construção da
identidade. O poder da identidade.
São Paulo: Paz e Terra, 1999.
O texto nos traz
que toda e qualquer identidade é construída, mas a principal questão levantada
no mesmo é de como se dá essa construção da identidade, como ela acontece, a
partir de quê, por quem e para quê isso acontece. Destaca-se também a
importância de saber a distinção entre identidades e papéis. Para isso reflete
sobre o significado de ambos. Nisso, define papéis como aquilo que já é
definido por normas estruturadas pelas instituições e organizações da
sociedade. Entende-se por identidade a fonte de significado e experiência do
ator, de um povo, construídas por meio de um processo de individuação. Pode-se
dizer que identidades organizam significados enquanto papéis organizam funções.
Diante disso
destaca-se que a construção de identidades vale-se da matéria-prima fornecida
pela história, geografia, biologia, instituições produtivas e reprodutivas,
pela memória coletiva e por fantasias pessoais, pelos aparatos de poder e
revelações de cunho religiosos. Onde tudo isso é processado pelo individuo,
grupos sociais e sociedades, que reorganizam seu significado em função de
tendências sociais e projetos culturais enraizados em sua estrutura social, bem
como em sua visão de tempo/espaço. E que sempre ocorre em um contexto marcado por
relações de poder. Assim o autor propõe uma distinção entre três formas e
origens de construção de identidades:
Identidade
legitimadora: Introduzida pelas instituições dominantes da sociedade no intuito
de expandir e racionalizar sua dominação em relação aos outros atores sociais.
Identidade de
resistência: Criada por atores que se encontram em posição/condições
desvalorizadas e/ou estigmatizados pela lógica da dominação, construindo
trincheiras de resistência e sobrevivência.
Identidades de
projetos: Quando os atores sociais, utilizando de qualquer tipo de material
cultural ao seu alcance, constroem uma nova identidade capaz de redefinir sua
posição na sociedade, e ao fazê-lo, busca a transformação de toda a estrutura
social.
Na visão do
autor, cada tipo de processo de construção de identidade leva a um resultado
distinto no que tange á constituição da sociedade. A identidade legitimadora da
origem a construção da sociedade civil; a identidade de resistência leva a
formação de comunidades, e a identidade de projeto, produz sujeitos.
O autor afirma
que existe uma dinâmica de identidades, e essa evidencia que do ponto de vista
da teoria social, nenhuma identidade pode construir uma essência, e nenhuma
dela encerra, sempre são gerados benefícios por parte de cada identidade para
as pessoas que as incorporam.
Iii) CLASTRES, Pierre. A questão do poder nas
sociedades primitivas. Arqueologia da
violência – pesquisas de antropologia política. São Paulo: Cosac &
Naify, 2004.
O texto traz uma retrospectiva etnográfica da relação de poder,
dando ênfase ao modo de vida das sociedades ditas primitivas.
As sociedades primitivas são sociedades sem estado, sem um poder
superior, o que contraria a teoria de que onde sem o exercício do poder não
existe sociedade. Assim os europeus julgaram os índios no século XVI, onde os
chefes não exerciam poder, em vez disso buscava uma constante aliança com a
tribo, sendo um representante do grupo em um modelo organizacional único de uma
sociedade indivisa. “É uma sociedade sem classes, não há ricos exploradores dos
pobres, não há dominantes e dominados, não há órgão separado do poder”, a tribo
que detém o poder, o chefe possui apenas um prestígio que a sociedade cuida
para não transformar em desejo de poder. Nessa perspectiva surgem algumas
indagações sobre a existência do estado.
iv) FOUCAULT, Michel. O sujeito e o poder. Genealogia da ética, subjetividade e
verdade (Ditos e escritos IX). Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014.
Trata-se de um
texto de Michel Foucault onde o mesmo justifica o porquê estudar o poder: a
questão do sujeito, e também de como se exerce o poder. O autor esclarece que
seu foco não é o poder, mas sim o sujeito. A maneira de como o ser humano se
transforma em sujeito. Diante disso que houve uma necessidade de estudar essa
questão do poder. Pois, enquanto o sujeito humano é colocado em relações de
produção e significação é igualmente colocado em relações de poder muito
complexas.
Porém,
precisava-se de um embasamento, algo que fornecesse instrumentos para estudar
as relações de poder. Daí Foucault levanta uma pergunta, será que precisamos de
uma teoria do poder? Nesse caso seria necessário uma conceitualização do que é
o poder. A partir disso o mesmo traz que é preciso certificar-se do que ele
chama de “necessidades conceituais”. Ele entende que conceitualização não deve
fundamentar-se em uma teoria do objeto: o objeto conceitualizado não é o único
critério de validade de uma conceitualização. Precisamos conhecer as condições
históricas que motivam tal ou qual tipo de conceitualização. Precisamos ter uma
consciência histórica da situação na qual vivemos, além disso é preciso
certificar-se do tipo de realidade com que somos confrontados.
E para iniciar
Foucault sugere uma investigação das relações entre a racionalização e o poder,
uma vez que é evidente a relação entre a racionalização e os excessos do poder
político. Foucault nos traz que seria mais prudente não considerar globalmente
a racionalização da sociedade ou da cultura, mas analisá-la como um processo em
vários campos, cada um dos quais com uma experiência. Nos sugere também usar
formas de resistência contra as diferentes formas de poder como um ponto de
partida. Essas resistências geram as lutas e essas por sua vez giram em torno
da questão: quem somos nós? Elas são uma recusa dessas abstrações do estado de
violência econômico e ideológico, que ignora quem somos individualmente, e
também uma recusa de uma investigação cientifica ou administrativa que
determina quem somos.
Essas lutas
implicam em uma técnica, uma forma de poder que categoriza o individuo, marca-o
com sua própria individualidade, liga-o à sua identidade, impõe-lhe uma lei de
verdade que devemos reconhecer, e que os outros têm de reconhecer nele. É uma
forma de poder que transforma os indivíduos em sujeitos.
A razão pela
qual esse tipo de luta tende a prevalecer é devido ao fato de uma nova forma de
poder político; o estado. A forma de poder do estado é ao mesmo tempo
globalizante e totalizadora. O que é uma das razões de sua força.
Isso se deve ao
fato de que o estado ocidental moderno integrou sobre uma forma política nova
uma velha técnica de poder que tinha nascido nas instituições cristãs chamada
poder pastoral. É uma forma de poder que tem o objetivo de assegurar a salvação
individual no outro mundo. Ela está ligada à produção da verdade do próprio
indivíduo.
No século XVIII
esse poder se ampliou e multiplicou através do estado. Já não se trata mais de
assegurar a salvação individual no outro mundo, mas de assegurá-la neste mundo.
O que permitiu ampliar o conhecimento sobre o homem em torno de dois polos:
globalizado e quantitativo sobre a população, outro analítico concernente ao
indivíduo.
Desenvolveu-se
assim uma tática individualizante, característica de toda uma série de poderes
múltiplos.
O autor faz uma
investigação crítica sobre a temática do poder distinguindo três tipos de
relação de poder: o da dominação da comunicação e o da atividade finalizada,
porém não os vê separados um dos outros, colocando que o exercício do poder não
é simplesmente uma relação entre “parceiros”, individuais ou coletivos, é um
modo de ação de uns sobre os outros, e que de fato, o que define uma relação de
poder é um modo de ação que não age direto e imediatamente sobre os outros, mas
que age sobre sua própria ação, ou seja, ação sobre ações. Além do mais o
exercício do poder consiste em “conduzir condutas” e em ordenar a
probabilidade. Diante disso inclui-se um elemento importante: a liberdade. É
necessário que haja liberdade para que o poder seja exercido.
As relações de
poder se dão no meio social, uma sociedade sem relações de poder só pode ser
uma abstração. O que faz com que estabeleça vários pontos para a análise das
relações de poder; o que não se pode prestar ao estudo de uma série de
instituições, nem se quer ao estudo de todas as que mereciam o nome de
“política”.
v) PERICO, Rafael Echeverry. Enfoques e
fundamentos conceituais da estratégia dos territórios de identidade. Identidade e território no Brasil.
Brasília: Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura, 2009.
O texto faz referência a uma série de conceitos ligados à
territorialidade, conceitos estes que são recentes, por isso estão sujeitos a
múltiplas definições e reformulações. Segundo (SANTOS 1985) é possível
compreender o espaço a partir de quatro categorias – forma, função, estrutura e
processo.
O conceito de território está ligado à institucionalização da
geografia nas universidades em seus três campos: política, biogeografia e
antropogeografia conforme afirma Ratzel. Também expressa a conjugação de um
povo vivo. Este tem ligação com o conceito de região, por muito tempo foi
relacionado ao poder estatal. O autor afirma que o território apóia-se no
espaço, porem não é o espaço “constitui produção a partir do espaço”. De acordo
com Sack, território constitui expressão de um espaço dominado por umgrupo de
pessoas que, com esse domínio, mantém controles e influências sobre o
comportamento de outros e exerce relações de poder, além de atribuições do
ponto de vista: jurídico político, econômico, sociocultural, político
institucional e ambiental.
Já o conceito de cultura foi originado na Europa no século XVIII,
esse era associado principalmente à palavra civilização e assim foi alvo de
muitas discussões e críticas. Em 1871 surgiu a primeira definição de cultura
sob o ponto de vista antropológico de Y. Taylor no livro Cultura Primitiva. Segundo ele, “a cultura é todo o complexo que
inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra
capacidade ou hábito adquiridos pelo homem na condição de membro de uma
sociedade”. A cultura passou por diversas definições, envolvendo duas
vertentes: a do ser humano permanecer com determinada cultura e a de que este
se adapta a elas.
Outro conceito abordado foi o de identidade, este é recente e
apresenta múltiplas definições. Na visão de Hegel, o conceito seria usado para
identificar o diferente e desigual como uma unidade, cabendo ao estado
construí-la e ajustá-la. Já Mead teve a preocupação de que faltava identidade
cultural, linguística e religiosa entre os diversos grupos que compunham a
população.
As ciências sociais modernas ao contrário das afirmações acima
privilegiam a multiplicidade, a diferença e o contraste. Em termos conceituais,
são analisados diversos recortes – étnicos, culturais, religiosos, nacionais,
sexuais, camponeses, proletários, urbanos, etc.
vi) SAMPAIO, Plínio de Arruda. A questão
agrária brasileira e a luta pelo socialismo. In: STEDILE, João Pedro (org.). A
questão agrária no Brasil: debate sobre a situação e perspectivas da
reforma agrária na década de 2000. São Paulo: Expressão Popular, 2013.
O autor Plínio de Arruda traz em seu texto a leitura de grupos da
direita e de grupos socialistas a respeito do tema reforma agrária, e nisso é
embasada uma discussão sobre a questão agrária no Brasil, os benefícios e as
dificuldades da reforma agrária.
Segundo o autor a direita do Brasil avalia a reforma agrária como
algo que já foi superado, o capitalismo agrário afirma que mesmo que a reforma
agrária fosse colocada em prática os problemas que ela prometia resolver já se
resolveram, e para darem legitimidade a isso usam exemplos como: não há como
alterar subitamente a distribuição de renda, e se isso fosse feito poderia não
ser algo bom. A agricultura moderna não necessita de uma quantidade grande de
trabalhadores, mantê-los no campo seria causar perda da eficiência econômica.
Durante a inserção do Brasil na globalização é inevitável que alguns passem
fome devido à baixa renda. Essa forma de análise de classe dominante é
basicamente pautada no atraso e não na modernidade, desse ângulo não haveria
questão agrária, e a posse da terra não seria um obstáculo ao desenvolvimento.
Nessa linha de raciocínio da classe dirigente conclui Plínio que
se não há questão agrária não teria necessidade de reforma agrária, entendendo
que a reforma agrária é uma medida estatal para alterar as divisões de terras
herdadas do passado.
No diagnostico socialista trazido pelo autor, ele coloca que na
análise feita pela classe dominante são trazidos apenas alguns aspectos de uma
situação bem mais complexa, aspectos esses que atendem unicamente seus
interesses. São ditas e analisadas meias verdades, fechando os olhos à real
situação do campo. A globalização da economia é irreversível, mas países podem
sim rejeitar sua inserção sem ser destinados à barbárie; o esforço para
inserção do país no mercado mundial é incompatível ao consumo exagerado, mas
isso não quer dizer que não podemos acabar com a pobreza; E verdade que foi
criada uma nova modalidade de produção no campo, mas é errado dizer que isso
acabará com os problemas rurais;
Plínio nos chama a atenção para a ideia de que pode haver sempre
várias leituras da realidade, mas que o analista crítico não se prende a
vieses. Então ele mostra as premissas que a outra análise omite. A produção por
indústrias e grandes empresas agrícolas não produziria o fim da economia, se
olharmos a atual distribuição de renda, mas geraria uma dicotomia maior entre
setores, onde uns serão altamente qualificados
e outros mal sobreviveram.
Os setores da agricultura se restringiram cada vez mais à
subsistência, e os que já são desaparecerão. As condições de sobrevivência no
campo para pequenos grupos familiares serão cada vez menores, aumentando o
êxodo rural. A permanência de multinacionais agrícolas nos faz cada vez mais
dependentes, e instáveis com relação ao abastecimento alimentar.
Tendo em vista este quadro de desenvolvimento da agricultura
brasileira o autor defende a intervenção do Estado no sentido de assegurar o
equilíbrio socialmente justo na produção agrícola e na economia. Assegurar a
alimentação, gerar emprego, garantir a soberania alimentar, controlar as
tecnologias agrícolas para produção do consumo e exportação, preservando a auto
suficiência alimentar, produzir de forma sustentável etc.
Mas Sampaio coloca o empecilho atual a essa reformulação. A classe
capitalista da agricultura não aceitaria uma produção auto suficiente que não
lhe rendesse os lucros que a manter no mercado internacional, o aumento da
quantidade com qualidade, não os interessaria pois seria uso de mais terras
mais mão de obra, ou seja, mais investimento. A produção sustentável
subverteria toda a lógica de produção atual. Diante disso como negar a
existência de uma questão agrária em nosso país? Essa é pergunta que o autor
faz a toda a leitura do grupo da direita.
Plínio, levantando a questão agrária, coloca como única solução
plausível a reforma agrária, a quebra do poder que hoje atua no campo, e a
constituição de outro poder, mais equilibrado e justo. Porque a concentração de
terra gera dominação, e a terra está com as grandes agroindústrias, o povo do
campo se torna refém. Essa relação de inércia impossibilita qualquer
desenvolvimento do campo. Por isso se faz necessário, segundo o autor, que se
rompa que esse dorso, se cada um tivesse acesso a terra as grandes empresas
agrícolas não teriam como se sustentar.
O autor finaliza
fazendo uma advertência à forma como a reforma agrária tem sido vista. Ele diz
que a centralidade da reforma agrária não tem sido o ponto mais forte de
estratégias dos partidos socialistas, não que eles não aderiram à causa, mas
ainda falta enxergar que é esse o ponto central de transformação do país.
vii) SCHERER-WARREN, Ilse. A política dos
movimentos sociais para o mundo rural. Estudos Sociedade e Agricultura,
Rio de Janeiro, vol. 15, nº 1, 2007: 5-22.
Não há quem possa dizer que não faz parte da sociedade, vivemos em
sociedade, e isso é inevitável. Desde cedo quando uma criança nasce com sua
família já inicia uma interação, seus pais, seja de qual for o lugar, ou a qual
religião pertençam, já terá o hábito de levá-la a lugares aos quais se
identificam, e assim já se inicia um processo de socialização. Ainda na
infância a criança vai ter contato com a escola, local que tem sido cada vez
mais valorizado pela sociedade, e encarado como referencial na formação,
humana, profissional e social dos jovens.
Mas o que é de fato a tão falada sociedade? Mesmo tendo cada um
uma noção do que é a sociedade, não devemos nos fiar nisso, porque a sociedade
se apresenta como algo muito complexo. Para entender melhor a sociedade em que
vivemos falaremos primeiro de suas características, e a primeira delas que se
tornou algo inevitável, até mesmo para as cidades do interior, é o capitalismo.
E por isso que se debate muito hoje sobre a globalização, forma de se produzir
e comercializar por toda parte do globo. Outro fator que deve ser analisando
com atenção é a divisão do trabalho, até porque é entendendo a divisão do
trabalho que entenderemos a divisão dos saberes. Há duas formas de divisão do
trabalho, a primeira é a divisão do trabalho na sociedade, uma divisão social,
seja por idade sexo etc; a segunda seria uma divisão técnica do trabalho, algo
mais a fim do capitalismo.
Explicar os
mecanismos de funcionamento dessa sociedade não é algo fácil, e mediante essa
dificuldade e necessidade, que surge a sociologia, uma ciência que estuda a
sociedade, os mecanismos de funcionamento das instituições sociais. Sendo assim
para analisar a tal sociedade, recorreremos a três autores clássicos da
sociologia, Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim.
Karl Marx foi um
importante sociólogo da segunda metade da revolução industrial, período em que
se consolidava o capitalismo. Ele fez uma análise crítica do capitalismo para
além do período em que vivia, nos âmbitos histórico, filosófico, econômico e
sociológico.
Marx dizia que o
capitalismo, era realmente algo com uma capacidade enorme de produção, que
nunca antes se produziu e comercializou como nesse período. Crescia o comércio,
e cada vez mais tudo era transformado em mercadoria e o mundo se tornava um
mercado. Entendemos por mercado um local onde as pessoas fazem compras, trocam
mercadorias etc. Mas existe um segundo mercado que é o mercado capitalista.
Esse é mais
complexo e não se identifica de imediato, por não ter um ponto fixo, pessoas
compram em todos locais, produtos de um país são comercializados em outro,
bancos emprestam dinheiro a juros etc.
Marx analisou
profundamente o resultado do capitalismo, denunciando a desigualdade que o
mesmo causava, e mediante isso propôs uma revolução que fosse de encontro com o
desnivelamento evidente.
c) Atividades realizadas e comentadas*
*Algumas
dessas atividades possuem anexos para auxiliar sua execução. Os anexos serão
disponíveis no site....
ATIVIDADE 1
Atividade: Identificando territórios
Duração: 60 minutos
Justificativa: O processo de formação de um território perpassa por conceber sua
identidade, sua área, identificar seus recursos e perceber as relações que o
transformam. Remete à ideia de povo vivo, cultura e região. É importante que os
alunos reconheçam suas comunidades como um território, não só em termos físicos,
mas como um lugar marcado por um histórico que possibilita enxergar parte de
sua vida, e descobrir ali uma identidade que seja marcada por uma ligação de
pertencimento entre sujeito e território.
Objetivo geral: Oferecer condições para que o jovem do campo se identifique com o
território ao qual pertence.
Objetivos específicos:
Identificar sua
comunidade como território.
Identificar na comunidade algo que a faz especial para o aluno, e
retratar em uma maquete para que possa ser socializado depois com a turma.
Metodologia comentada: Em sala de aula, de início, fizemos uma dinâmica com os alunos, que
serviu para apresentações dos participantes de uma forma menos formal e mais
descontraída. No segundo momento, fizemos um levantamento prévio com a turma,
com finalidade de sabermos o que eles entendiam por território. E todos, mesmo
que usando de diferentes palavras, definiram território como um espaço
geográfico. A partir disso, introduzimos o conceito de território mostrando uma
outra versão que vai além do espaço geográfico, a qual envolve reconhecimento e
pertencimento. Para explicar e exemplificar melhor, utilizamos de apresentação
de slides e de um vídeo*. Foi um grande acerto a escolha do vídeo, que mexeu
muito com o sentimento dos alunos. Foi um dos momentos mais emocionantes da
atividade. Ao verem o vídeo os alunos deixaram transparecer a emoção de verem
cenas que remetiam às suas realidades, às suas casas, ao seu território etc. Em seguida, propusemos uma atividade a ser desenvolvida na comunidade.
Lá, os estudantes iriam identificar algo que fizessem daquele território algo especial
para eles, podendo ser um espaço físico (como um rio, uma casa, um lugar no
campo) ou, ainda, uma festa cultural, a convivência com as pessoas, o
conhecimento popular. Ou seja, algo que tinha um significado para o aluno e que
fazia dali um lugar especial para ele. Após essa identificação, o aluno
retrataria o que foi identificado através de uma maquete. Com o retorno para a
escola, cada aluno apresentaria sua maquete e relataria oralmente o que foi
retratado, bem como a razão de sua escolha.
*As instruções da atividade e o endereço do vídeo estarão disponíveis
nos anexos
Considerações sobre a
atividade:
Os alunos nos surpreenderam muito. Não
esperávamos que fossem se dedicar tanto. Seus empenhos ficaram notórios no
encerramento da atividade, quando apresentaram as maquetes que confeccionaram,
retratando algo que representasse seu território. E, principalmente através de
suas falas nas apresentações, vimos que o nosso objetivo com a atividade foi
alcançado com êxito.
Etapa
|
Ação
|
Meta da etapa
|
Conteúdo
|
Estratégia
|
Recursos
|
Tempo
|
Desequilíbrio
|
1
|
Abertura
|
“Quebrar o gelo”
|
Apresentação
|
Em círculo, com uma bola os participantes irão lançando-a um para
outro; O receptor dirá seu nome, comunidade e um hobby e a passará adiante. Terminará quando todos tiverem
participado.
|
Bola
|
10 min.
|
-
|
2
|
Introdução
|
Apresentar a atividade
|
Território e identidade
|
Exposição oral
|
-
|
5 min.
|
-
|
3
|
Levantamento
|
Levantar o que já sabem sobre os conceitos de território e de
identidade
|
Território e identidade
|
Perguntas orais
|
-
|
10 min.
|
-
|
4
|
Apresentação dos conceitos de território e de identidade
|
Apresentar os conceitos de território e de identidade
|
Conceitos de território e de identidade
|
Exposição oral
|
-
|
20 min.
|
X
|
5
|
Apresentação de vídeo
|
Provocar a despertarem o sentimento de pertencimento aos territórios.
|
Sentimento de pertença a territórios.
|
Vídeo O Brasil Caipira
|
Data show
Notebook
Caixa de som
|
26 min.
|
-
|
6
|
Problematização
|
Verificar quais pontos do vídeo tocaram mais e se estes estarão
ligados ao sentimento de pertencimento aos seus territórios.
|
Sentimento de pertencimento aos territórios.
|
Participação dos alunos expondo com quais pontos se identificaram e
porquê.
|
-
|
15 min.
|
-
|
7
|
Instruções para realizar uma atividade na seção casa
|
Que se certifiquem da atividade que realizarão.
|
Identificação com seu território.
|
Roteiro com instruções para realizarem a atividade.
|
Folhas xerocadas
|
14 min.
|
-
|
8
|
Encerramento
|
Verificar se o objetivo da atividade foi alcançado.
|
Representação do território.
|
Apresentação de maquetes e exposição oral.
|
-
|
50 min.
|
-
|
ATIVIDADE 2
Atividade: Apresentação dos direitos humanos
Duração: 60 minutos
Justificativa: Segundo Foucault, o poder surge das lutas, as quais caracterizam uma
ação sobre ações possíveis, sendo sempre o modo de agir sobre um ou vários
sujeitos ativos. Estas lutas, por sua vez, estão presentes o tempo todo em
todos os lugares. Os direitos humanos também são resultados dessas lutas e de
relações de poder. Vivemos em uma sociedade onde vemos os direitos dos cidadãos
sendo violados em diversas situações e a todo instante. Muitos desconhecem seus
direitos, e, em alguns casos, o abuso de poder toma a frente. É necessário
conscientizar o cidadão que temos direitos e que estes devem ser respeitados
para melhor convivência em sociedade.
Objetivo geral:
Oferecer condições
para que o jovem do campo se prepare para se posicionar perante a sociedade.
Objetivos específicos:
Conhecer os direitos humanos, entendendo que temos direitos e que
devemos nos apropriar deles.
Relacionar os direitos humanos com relação de
poder. Identificar situações cotidianas em que os direitos foram violados por
falta de conhecimento dos mesmos.
Metodologia comentada: De início foi apresentada a proposta da atividade e foi explicado para
os alunos um pouco sobre o conceito de poder. Em seguida, dividimos a turma em
duplas, sendo que cada uma recebeu uma folha de papel A4. Atribuiu-se a cada
dupla “plenos poderes” de criarem direitos que os respaldassem perante a
sociedade. Nesse momento, apesar de nosso pedido ser por nós considerado
simples,
os alunos estavam tímidos, sem saber ao certo o que escreveriam. Após a escrita, a folha contendo esses direitos foi exposta no quadro
(sendo pregada com fita dupla face). Em seguida, foi entregue à turma a
declaração universal dos direitos humanos impressa e também foi proposto um
vídeo que apresentou, apoiado em ilustrações, os 30 artigos da declaração.
Durante a apresentação do vídeo, estavam todos concentrados. Após terem
assistido ao vídeo e com os direitos em mãos, retornamos à lista produzida pela
turma. A partir disso, iniciou-se uma discussão comparando os direitos
produzidos pelos alunos e os da declaração universal. Foram levantadas as
seguintes indagações:
Havia algum direito na
declaração que até então não era do conhecimento de vocês?
Dentre os que foram
produzidos, já havia algum na declaração, mas que vocês produziram porque não
sabia que já existiam?
Dentre os que foram
produzidos, Quais poderiam de fato ser acrescentados na declaração universal
dos direitos humanos?
Em alguma situação seus direitos já foram violados por desconhecê-los?
Considerações
finais:
Avaliamos positivamente esse momento que
tivemos com os alunos. Para nós, o ápice foi a problematização da atividade,
onde a timidez que antes pairava deu lugar a uma participação ativa com contribuições
significativas. De um modo geral os estudantes se mostraram autônomos, com
muita confiança no que diziam. Constatamos que aquilo que havíamos proposto foi
alcançado. Ao pedirmos para compararem a Declaração Universal dos Direitos
Humanos com o que eles haviam produzidos, a conclusão tirada por eles e também
por nós foi a de que muitos direitos que eles julgavam serem necessários ao ser
humano na verdade já constavam na Declaração, e que o motivo pelo qual a
maioria não conhecia esses direitos é a falta de informação. Os alunos
levantaram várias questões, gerando mais discussão acerca da desigualdade
social e do trabalho de menores de 18 anos. Tais debates remetiam sempre à
pobreza, ao acesso à educação, à qualidade de vida etc. Por fim, notamos que,
diante de toda a discussão que foi promovida, os alunos entenderam que os
direitos existem, e que a partir de então a luta seria pela efetivação desses
direitos.
Etapa
|
Ação
|
Meta da etapa
|
Conteúdo
|
Estratégia
|
Recursos
|
Tempo
|
Desequilíbrio
|
1
|
Abertura
|
Apresentação
|
-
|
Confecção de crachá
|
-papel
- fita adesiva
- hidro cor
|
5 min
|
|
2
|
Introdução
|
Apresentar a atividade e introduzir o conceito de poder.
|
Conceito de poder
|
Exposição oral
|
Data show
|
10 min
|
|
3
|
Grau de conhecimento
|
Levantar conhecimento prévio
|
Direitos humanos
|
Pedir para os alunos escreverem um direito
|
-Folha de papel A4
- canetas
-hidro cor
-fita crepe
|
5 min
|
|
4
|
Apresentação de vídeo
|
Apresentar os direitos humanos
|
Declaração Universal dos Direitos Humanos
|
Vídeo
|
-data show
|
20 min
|
X
|
5
|
Problematização
|
Relacionar vídeo, frases e realidade.
|
Direitos humanos
|
-Entrega da Declaração Universal dos Direitos Humanos impressa.
-Debate dirigido
|
Roteiro de perguntas
|
20 min
|
|
ATIVIDADE 3
Atividade: O estado e a formação da sociedade
Duração: 60 minutos
Justificativa: As sociedades primitivas são sociedades sem estado, sem um poder
superior, em que não há ricos explorando pobres nem órgãos de poder separados.
São sociedades indivisas. Muitos povos indígenas viveram assim, construindo sua
identidade com base na própria cultura, porém se tornando alvos de julgamentos
principalmente por parte dos europeus, como ocorreu historicamente nas Américas.
É necessário atentar à questão de que o Estado não é algo eterno ou universal,
e, assim como ele surgiu, um dia ele pode acabar. Assim, é possível viver em
uma sociedade sem um poder concentrado nas mãos de poucos, sem essa divisão e,
consequentemente, sem a desigualdade que decorre disso. Entender como viviam as
sociedades primitivas é primordial para nos posicionarmos, com bons argumentos,
diante da contemporaneidade. Podemos partir dessa temática para discutir a
colonização dos índios pelos europeus, tirando deles toda uma história uma
cultura, mostrando também, em contrapartida, a contribuição desses povos
oprimidos para a formação do povo brasileiro.
Objetivo geral:
Oferecer condições para que o jovem do campo se sinta parte do processo
de funcionamento, construção e transformação da sociedade.
Objetivos específicos:
Propiciar um momento reflexivo sobre a atual situação social e política
do Brasil, atentando a possíveis mudanças. Identificar diferentes tipos de cultura que contribuíram
com a formação do povo brasileiro. Relacionar a cultura de um povo com sua
identidade. Identificar as mudanças ocorridas na forma de organização da
sociedade.
Metodologia comentada: Primeiramente foi feita uma introdução sobre o conceito de Estado. Em
seguida, foi passado um documentário, "O povo brasileiro", de Darcy
Ribeiro. Após terem assistido ao documentário, com duração de 23 minutos, fizemos
um momento de reflexão, no qual os alunos deram suas opiniões e expressaram o
que entenderam. Assim a conversa foi conduzida levantando as seguintes questões:
- No início do vídeo Darcy Ribeiro
coloca que os brasileiros podem reinventar o Brasil.. -Na concepção de vocês o
que significa esse “reinventar o Brasil”?
-O que vocês acham do modo de
vida desses povos?
- Seria possível vivermos em
uma sociedade sem a presença do estado?
Considerações
finais:
Ficamos contentes com o resultado da
realização da atividade. Como os alunos já estavam cientes do nosso trabalho,
não sendo a primeira vez que estaríamos tendo esse tipo de contato, foi algo
mais tranquilo. Percebemos certa exaustão nos estudantes, por conta de outras
atividades, e avaliamos isso como um ponto negativo para a proposta, pois isso diminuiu
o rendimento deles. Foi algo mais perceptível no início da atividade e, no
decorrer do processo, eles foram demonstrando interesse com grande
participação. Os estudantes quiseram explorar a questão do poder nas sociedades
primitivas, e conseguimos fazer um paralelo interessante entre estado e
sociedade. Surgiram posicionamentos diferentes, resultando em uma
problematização enriquecedora.
Etapa
|
Ação
|
Meta da etapa
|
Conteúdo
|
Estratégia
|
Recursos
|
Tempo
|
Desequilíbrio
|
1
|
Abertura
|
Que os bolsistas conheçam os alunos e vice versa
|
Apresentação
|
Lista de Presença
|
Folha de papel A4
Caneta
|
5
|
|
2
|
Introdução
|
Apresentar a atividade que será realizada
|
Estado e sociedade
|
Exposição oral
|
-
|
4
|
|
3
|
Introduzir o conceito de estado.
|
Conheçam o conceito de estado
|
Conceito de estado e o poder nas sociedades primitivas.
|
Exposição oral com apoio de slide
|
Data show
Notebook
|
10
|
|
4
|
Apresentação de um vídeo
|
Apresentar documentário sobre a formação do povo brasileiro (tribo
tupinambá)
|
Formação do povo brasileiro
|
Vídeo
|
Data show
Notebook
Caixa de som
|
23
|
|
5
|
Problematização
|
Reflexão sobre a formação da sociedade e o poder do estado
|
Estado e sociedade
|
Roteiro de perguntas
|
Quadro
Giz
Apagador
|
18
|
X
|
ATIVIDADE 4
Atividade: Refletindo sobre o preconceito
Duração: 60min
Justificativa: No processo de formação da própria identidade, é necessário identificar
as pessoas e as relações sociais capazes de transformar e influenciar o
comportamento humano. Isso, nas mais diversas esferas: cultura, tradição,
religião, raça etnia etc. É importante que os alunos percebam que somos todos
iguais e que temos que aceitar e conviver bem com todos ao nosso redor, sem
tratar os outros com diferença pela sua aparência física ou por sua condição
social.
Objetivo:
Oferecer condições para que o jovem do campo perceba que vivemos em meio
a uma sociedade preconceituosa que julga pelas aparências.
Objetivos específicos:
Identificar em si mesmo atitudes preconceituosas. Identificar pessoas
pelas suas características sem mesmo antes conhecê-las.
Metodologia comentada: Foram realizadas duas dinâmicas
para que pudéssemos juntos perceber o quanto julgamos pelas aparências e não
reconhecemos que somos todos iguais e que devemos ser tratados da mesma forma.
No primeiro caso, com a “DINÂMICA
PARA TRABALHAR PRECONCEITO E EXCLUSÃO”, colocamos etiquetas nos alunos com frases como
“me abrace”, para que os alunos pudessem interagir entre si de forma que o
aluno etiquetado não soubesse o que estava escrito em seu adesivo. Em uma outra
dinâmica, apresentamos a seguinte situação hipotética: “Houve uma
catástrofe nuclear, o futuro da humanidade está em jogo e existe um abrigo subterrâneo
que pode abrigar somente seis pessoas para sobreviver. Faça sua escolha e
destaque somente seis sujeitos dessa lista.” Na lista em questão, estariam apenas
as características, mas não os nomes, desses possíveis sobreviventes. Os
estudantes, divididos em grupos, deveriam fazer a escolha das pessoas que
salvariam.
Os alunos ficaram surpresos ao revelarmos os personagens por trás de suas
respostas e perceberem como foram preconceituosos em suas escolhas, levando-os
a refletirem. Ao final de ambas as dinâmicas fizemos uma
reflexão sobre preconceito e racismo, em que ficou evidenciado que muitas vezes
julgamos pelas aparências e sem conhecer os outros de fato, partindo de alguns
atos isolados.
Os alunos participaram com muitas contribuições, inclusive fazendo
questionamentos, e se posicionando diante de fatos que acontecem na sociedade.
Considerações finais:
A
atividade foi simples, sem muita complexidade, porém através da mesma
conseguimos abordar questões de grande importância, com momentos reflexivos.
Segundo os alunos, foi uma ótima atividade e que todas deveriam ser assim. Por
ser uma atividade bem dinâmica, despertou mais o interesse deles, aumentando a
participação e contribuindo ainda mais para que ao final tivéssemos um bom
desempenho. Alcançamos, assim, o objetivo proposto.
Etapa
|
Ação
|
Meta da etapa
|
Conteúdo
|
Estratégia
|
Recursos
|
Tempo
|
Local
|
Deseq.
|
1
|
Introdução
|
Despertar o interesse para a atividade.
|
-
|
Dizer que será uma atividade dinâmica.
|
-
|
5 min.
|
Sala de aula
|
-
|
2
|
Apresentação da dinâmica
|
Observar como os alunos reagirão diante da dinâmica
|
Preconceito. Rotulação da pessoa.
|
Dividir a turma em três grupos e entregá-los um exercício, para que
resolvam.
|
Folha xerocada
|
5 min.
|
Sala de aula
|
-
|
3
|
Debate interno em cada grupo.
|
Espera-se que os integrantes dos grupos discutam e cheguem a um
consenso coletivo.
|
Preconceito. Rotulação da pessoa.
|
Cada grupo realizará suas discussões internamente.
|
Folha xerocada
|
10 min.
|
Sala de aula
|
-
|
4
|
Análise das respostas da atividade
|
Espera-se que reflitam sobre a questão do preconceito, envolvendo a
rotulação de pessoas.
|
Preconceito. Rotulação da pessoa.
|
As respostas de cada grupo serão expostas no quadro, com o intuito
de compará-las e compreender o motivo das escolhas, gerando uma reflexão.
|
Quadro e giz
|
15 min.
|
Sala de aula
|
X
|
5
|
Rotulação dos alunos
|
Proporcionar um momento de descontração
|
Preconceito. Rotulação da pessoa.
|
Colocar nos alunos etiquetas com frases. Nenhum saberá o que está
escrito. Estes deverão interagir com os colegas, que se comportarão de acordo
com o que está na etiqueta.
|
Etiquetas
|
10 min.
|
Sala de aula
|
-
|
6
|
Problematização
|
Finalizar a atividade refletindo nossas ações no dia a dia
|
Preconceito
|
Momento de reflexão conduzido por um roteiro de perguntas.
|
Roteiro de perguntas
|
15 min.
|
Sala de aula
|
-
|
ATIVIDADE 5
Atividade: Reforma agrária no Brasil
Duração da atividade: 60
minutos.
Justificativa: A centralidade
da reforma agrária não tem sido o ponto mais forte de estratégias dos partidos
socialistas. Não que eles não aderiram à causa, mas ainda falta enxergar que é
esse o ponto central de transformação do país. Trabalhar a questão
agrária remete também ao interesse dos alunos, uma vez que vieram do meio
rural, o qual revela a realidade do povo do campo.
Objetivo geral:
Oferecer condições
para que o jovem do campo se sinta parte do processo de funcionamento,
construção e transformação da sociedade.
Objetivos
específicos:
Identificar a atual
situação da reforma agrária no Brasil. Construir criticidade em relação ao
contexto atual da reforma agrária, compreendendo seus objetivos e lutando por
ela.
Metodologia comentada: De início
introduzimos o tema, explicando o conceito de reforma agrária. Em seguida
dividimos a turma em grupos e distribuímos algumas charges impressas para
fazemos uma dinâmica e discutir o tema reforma agrária. Na dinâmica, denominada
“Bocas e Ouvidos”, cada grupo debateu as charges e um representante apenas
seria o “boca”, falando em nome de todos, sendo os demais componentes os
“ouvidos”. Todos poderiam expressar suas
opiniões, porém através de um representante, o que demandou muita organização
dos próprios alunos. No final da atividade, fizemos uma avaliação geral.
Avaliação geral:
A atividade foi muito proveitosa, teve boa
participação dos alunos. Eles colocaram suas experiências e posicionamentos
acerca do tema. Acreditamos, então, que o objetivo foi alcançado. Porém, o
tempo para a execução da atividade limitou um pouco a discussão. Durante a
dinâmica, na qual dividimos os estudantes em quatro grupos, tivemos uma enorme
participação.
Etapa
|
Ação
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Meta da etapa
|
Conteúdo
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Estratégia
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Recursos
|
Tempo
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Desequilíbrio
|
1
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Introdução ao tema
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Introdução ao tema e a alguns conceitos importantes
|
Definição de reforma agrária.
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Explicação oral.
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Perfeccionismo -
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5 m
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|
2
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Apresentação da dinâmica.
|
Compreensão sobre como ocorrerá a dinâmica e posterior debate.
|
Texto e charges sobre reforma agrária
|
Divididos em grupos farão análise das charges e leitura dos textos
|
Material impresso
|
20 m
|
|
3
|
Debate a partir das análises
|
Reflexão e questionamento do que foi analisado e lido sobre reforma
agrária
|
Contexto atual da reforma agrária? Quais as barreiras? Como cada
grupo se posiciona em relação ao tema?
|
Debate feito através de dinâmica (grupo boca e grupo ouvido). Um
representante de cada grupo. Ao todo 4 vão colocar o posicionamento do grupo.
|
-
|
25 m
|
X
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4
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Finalização da atividade
|
Reflexão sobre o que foi possível alcançar com a dinâmica.
|
Missão a qual temos de lutar pela reforma agrária.
|
Conversa com os alunos, também procurando ouvi-los.
|
-
|
10 m
|
|
ATIVIDADE 6
Atividade: Cultura e identidade.
Duração: 60 minutos
Justificativa: A
construção da identidade é um processo que envolve todo um contexto. Sabemos
que a identidade é construída, nunca acabada, mas a principal questão levantada
é de como se dá essa construção: como ela acontece, a partir de quê, por quem e
para quê. A cultura exerce um papel muito importante na formação do indivíduo. Inseridos
em um mundo de tanto preconceito e julgamentos, faz-se necessário também
trabalhar a questão do respeito à cultura do outro, da identidade do outro e de
tudo que nos remeta a diferenças.
Objetivo geral: Possibilitar que o jovem do campo reconheça e valorize sua cultura
enquanto parte da sua formação.
Objetivos específicos:
Identificar aspectos formadores da sua cultura. Refletir sobre a noção
de respeito à cultura do outro. Levantar indagações sobre o pertencimento a
determinada cultura e sua valorização enquanto parte da formação da identidade
do indivíduo.
Metodologia comentada: Para uma melhor compreensão do tema em sala de aula, foram introduzidos
alguns conceitos relacionados a cultura e identidade, sempre procurando ouvir
dos alunos seus entendimentos, opiniões e colocações acerca da discussão. Após
essa etapa, foram apresentadas
algumas manifestações culturas brasileiras:
vilão, frevo, quadrilha, maracatu, entre outras. A discussão continuou com
os alunos trazendo aspectos e expressões culturais de suas próprias comunidades
e regiões. Esse momento de socialização por parte dos estudantes fez com que
eles vissem o quanto as diferentes regiões do Brasil são ricas culturalmente.
Ressaltou-se, também, a importância de se valorizar e respeitar cada uma dessas
manifestações.
Considerações sobre as atividades:
A atividade envolveu uma participação muito significativa dos alunos,
que trouxeram muitas opiniões e comentários. Foi notável a expressão do
entendimento da atividade: os estudantes se sentiram na missão de valorizar
suas culturas e de respeitar quaisquer que sejam as outras culturas com as
quais eles entrem em contato.
Etapa
|
Ação
|
Meta da etapa
|
Conteúdo
|
Estratégia
|
Recursos
|
Tempo
|
Desequilíbrio
|
1
|
Apresentação dos participantes
|
Conhecer os participantes
|
Nome e cidade ou comunidade.
|
Os participantes falam seus nomes e o lugar onde vivem
|
-
|
10
|
|
2
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Apresentação da atividade
|
Conhecimento do projeto BIBID e introduzir a atividade
|
Compreensão do projeto ligando a cultura e identidade
|
Conversa sobre o tema do subprojeto e o tema da atividade
|
Data show e computador
|
15
|
|
3
|
Explicação do conteúdo
|
Demonstrar um pouco da cultura e identidade de uma forma geral,
exemplificando algumas manifestações culturais.
|
O tema cultura e identidade
|
Através da utilização de slides e diálogo com os estudantes
|
Data show e computador
|
20
|
|
4
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Debate
|
Participantes expressem a realidade cultural local, relatem as
manifestações culturais e mudanças que ocorreram
|
A realidade associada com o tema
|
Através de perguntas direcionadas aos estudantes e provocações
|
-
|
15
|
|
ATIVIDADE 7
Atividade: Territorialidade e
pertencimento para além da questão de terras.
Duração da atividade: 60
minutos
Objetivo:
Abordar o
tema território, para que o aluno se identifique com o local onde vive, não só
como um espaço ou como um grupo de pessoas concentrado em um lugar, mas sim
como parte de sua identidade.
Objetivos específicos:
Possibilitar aos alunos entender suas comunidades como um espaço de
vivência. Despertar nos alunos o sentimento de pertença.
Metodologia comentada: De início,
introduzimos o tema buscando compreender o conhecimento prévio dos alunos sobre
as questões a serem abordadas. Em seguida, apresentamos os conceitos que
julgamos pertinentes, utilizando como instrumento uma apresentação de slides.
Após a apresentação dos conceitos, os alunos expressaram em um debate suas
opiniões a respeito do tema. E, para exemplificar o que estava sendo debatido,
colocamos uma música relacionada ao tema. Isso, principalmente com a finalidade
de sistematizar e contextualizar o processo de ocupação do alto Jequitinhonha, fomentando
e socializando com os alunos estratégias de agência social.
Considerações finais: A atividade foi exitosa. Acreditamos ter
conseguido alcançar os objetivos que havíamos proposto. Entendemos que a
metodologia utilizada foi boa, por termos desenvolvido a atividade do início ao
fim sem que a mesma ficasse cansativa para os estudantes, que ficaram atentos
durante todo o processo. Além disso, a proposta proporcionou, a todo momento,
uma discussão da qual eles eram os participantes principais.
Etapa
|
Ação
|
Meta da etapa
|
Conteúdo
|
Estratégia
|
Recursos
|
Tempo
|
Desequilíbrio
|
1
|
Introduzir o tema
|
Compreender o que
será trabalhado
|
Noção dos alunos
sobre o tema
|
Cada aluno escreverá
em uma tarjeta uma palavra que para ele defina sua comunidade e a colará em
um mapa do Vale do Jequitinhonha.
|
Cartolina, folhas
A4 e pincéis
|
10m
|
|
2
|
Apresentação de
conceitos e discussão
|
Compreensão e
contextualização sobre os conceitos abordados
|
Espaço geográfico,
identidade, relações de poder, território
|
Apresentação de
slides
|
Data show e
notebook
|
20m
|
|
3
|
Interpretação e
debate de uma música
|
Reflexão e
associação da música com a realidade do Alto Jequitinhonha
|
Conflitos /
Desapropriação e desterritorialização
|
Música
|
Caixa de som e
notebook
|
10m
|
X
|
4
|
Apresentação do
processo de ocupação do Alto Jequitinhonha
|
Compreendam o
histórico das terras e territórios do Alto Jequitinhonha
|
Breve histórico de
ocupações de terra e desapropriação.
|
Apresentação de slides
|
Data show e
notebook
|
10m
|
|
5
|
Capacidade de
agência
|
Relação com o
território ao qual pertencem e poder de agência em sua localidade na defesa e
valorização do território.
|
|
|
|
7m
|
|
6
|
Fechamento
|
Finalização da
atividade
|
A terra como um
espaço de cultura, história e vivências
|
Poema
|
|
3m
|
|
d) Outras sugestões de materiais (links
e referências, textos lidos)
BENEDICT, Ruth. A diversidade de
culturas. Padrões de cultura. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.
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