E hoje, 13 de setembro, chegamos ao penúltimo dia da I Semana Paulo Freire na EFAV. A discussão girou em torno da Educação Contextualizada e compuseram a mesa os convidados, João (professor e vice-diretor da E. E. Antônio F. de Oliveira), Dimas (professor da E. E. Antônio F. de Oliveira), José Murilo (técnico do CAV e apaixonado pela EFAV), Rita (irmã do José Murilo) e Renato (irmão do José Murilo).
Iniciou-se com uma mística apresentada por alguns estudantes e pela coordenadora pedagógica, Angélica. O gesto da oferta de alimentos produzidos na EFAV, a entrada da bandeira da escola e a simbologia da teia, representaram a contextualização do ensino com a realidade, o emaranhamento da teoria e da prática tão necessário nas escola.
Dimas expressou sua felicidade e o seu encantamento pela EFAV. Falou da importância da motivação para melhorar a educação e da necessidade da troca de conhecimentos e, para ele, a EFA vivencia grande parte disso e ressaltou o próprio fato de ter sido convidado para participar da Semana Paulo Freire. Ele disse ainda que "no Estado não estamos tendo condições de mostrar a prática e, infelizmente, estamos ficando muito mais na teoria e isso dificulta o processo de ensino-aprendizagem".
João falou da sua experiência de educador e da sua transformação também. Segundo ele, "agora é que estou aprendendo a ser amigo dos estudantes, não é gritando que se educa, mas respeitando". Ele relatou também dos preconceitos que sofreu quando ingressou no Instituto Federal no Curso de Técnico Agrícola, principalmente, em função dos traços linguísticos e citou como exemplo, o fato de dizer "bago do feijão" ao invés de "grão do feijão".
Vocês devem ter notado a coincidência de três irmãos na mesa de discussão e isso tem uma razão especial, pois eles vão contar do processo de construção do livro "Retratos de Família", que, narra a história da família deles e traz diversos aspectos históricos e culturais da região.
José Murilo falou da importância dos valores da família, de conhecer a origem e a realidade. Chamou a atenção dos estudantes para a necessidade do hábito da leitura, para ele, o pensamento crítico se constrói com a busca do conhecimento e a leitura representa esse espaço.
Rita falou da relação de oprimido e de opressor (quem são os oprimidos e quem são os opressores) e em seguida, ela provocou os estudantes a respeito de duas perguntas: primeira, qual é a pessoa mais importante do mundo? Segunda, qual o melhor lugar do mundo para estar?
Ela falou dos avanços tecnológicos que vem facilitando os modos de vida, principalmente, em comparação com alguns anos atrás. Contudo, ela chama a atenção para o espaço demasiado que as redes sociais estão ocupando na vida das pessoas e isso, em grande parte, afastam as pessoas dos livros, do contato com outros tipos de saberes. Ela defendeu que se o hábito da leitura não for pelo gosto, precisa ser pela obrigação".
Renato falou da importância de conhecer a própria história e a história do Vale do Jequitinhonha. É comum a replicação de informações distorcidas por falta de conhecimento e de criticidade. Destacou das influências externas que roubam o valor da nossa cultura, dos nossos produtos e citou como exemplo, o pequi, e disse que, muitas vezes, não é valorizado pela população que tem esse alimento como planta nativa.
José Murilo, Rita e Renato falaram do processo de construção do livro Retratos de Família que começou quando o pai deles escreveu os causos que ele mesmo contava. Eles relataram alguns fatos da adolescência envolvendo a motivação para estudar e as dificuldades que foram superadas. Destacaram que registrar a história é fundamental, pode-se observar a carência de registros do modo de vida dos nossos antepassados. Eles fizeram a doação de exemplares para a EFAV e os estudantes já estavam ansiosos para começar a ler.
Pode-se dizer, então, que a importância da leitura na Educação Contextualizada foi um dos pontos fortes do nosso 4º dia da Semana Paulo Freire.
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