terça-feira, 11 de setembro de 2018

I SEMANA PAULO FREIRE NA EFAV

A Escola Família Agrícola de Veredinha está promovendo a I Semana Paulo Freire, as atividades iniciaram ontem, dia 10 e encerrarão no dia 14 de setembro.
O mês de setembro é de grande importância para as Escolas Famílias Agrícolas, pois além de ser o mês de nascimento do Educador Paulo Freire, representa também, um período propício para dialogar sobre a Educação do Campo, a Educação Contextualizada, a Pedagogia da Alternância, o legado de Paulo Freire dentre outros.
Do dia 10 até o dia 14, diferentes convidados e convidadas compartilharão seus conhecimentos e experiências educativas, sociais, políticas e culturais com os estudantes, pais, mães e a equipe de monitores.
Defende-se que por meio dessas trocas de ideias e reflexões críticas seja possível apropriar-se do conhecimento de forma mais diversa e enriquecedora.
Na fala de abertura, Giselle e Seu Zezim destacaram a importância de Paulo Freire para a construção da Educação do Campo e também, a relevância da semana para a EFAV. Desejaram boas vindas a todos e todas e destacaram que os estudantes aproveitassem ao máximo todos os momentos.
O estudante Vitor do 3º ano, agraciou o público com solos de viola caipira e depois, os monitores Neltinha e Paulo Henrique apresentaram uma mística sobre a vida de Paulo Freire.
 A primeira mesa teve como tema "Educação do Campo e Educação Popular" e os participantes foram André Rech (professor da UFVJM), Aline (professora da UFVJM), Clébson (mestrando em Estudos Rurais) e José Murilo (técnico do CAV).
O tom da conversa girou entorno da Pedagogia Crítica e o olhar crítico do Educador e dos Educandos para a História e a Realidade.
José Murilo chamou a atenção para o debate da Agroecologia e a amplitude desconhecida dos níveis de envenenamento da natureza e dos alimentos. Segundo ele, o Brasil expandiu sua área agrícola, mas aumentou em 700% o uso de veneno. Ele provocou os estudantes à busca constante do conhecimento e a responsabilidade da prática agroecológica.
Clebson ressaltou a energia diferenciada que pulsa na escola e dialogou sobre a valorização do conhecimento tradicional. Para ele, esse conhecimento traz sentido para a vida, "às vezes, a gente ri desses saberes e não para para refletir sobre eles e todos os ensinamentos que estão presentes ali". Ele destacou que é preciso participar da vida cotidiana da família na roça, como, por exemplo, buscar lenha e nisso aprender sobre as árvores, sobre os animais, ou seja, aprender os conhecimentos tradicionais que os pais adquiriram ao longo da vida.
Aline dialogou sobre a Educação, a Questão Agrária e a Juventude. Ela destacou o processo de resistência dentro da Universidade para estabelecer diálogos com a sociedade, com as comunidades, com as escolas. Numa pesquisa rápida, ela perguntou sobre quem tinha avós e pais que estudaram, perguntou também sobre quem tinha avós e pais que possuíam propriedade de terra e se os próprios estudantes tinham terra. Ela questionou que entre a geração dos avós é comum acontecer 'algo' que provoque a perca da terra, o que compromete a permanência no campo. Segundo ela, o acesso à terra e à educação são estruturais para a sociedade. Ela disse também que a maioria dos agricultores não possuem o mínimo de terra para viver no campo. Para ela, o Brasil avançou um pouco na Educação e regrediu nas políticas de acesso à terra.
André pontou a simplicidade e a humildade do Seu Zezim na fala inicial, que para ele, resume o sentido da Educação Humanizadora. Ele falou bastante sobre a crítica, "o crítico só se torna crítico quando faz reflexões e problematizações a respeito da sua realidade". "Sem o pensamento crítico acabamos sendo levados pelo movimento político que se contradiz em suas decisões e não quer o bem da sociedade". Chamou a atenção para a necessidade de um Projeto da Classe Trabalhadora que é mal representada politicamente. Ele discutiu a amplitude da palavra "comungar" - nela, você toma parte do aprendizado e o outro toma parte também e quem decide tomar parte ou não, é você. Para ele, a EFAV vive o suprassumo da humanização, o suprassumo de comungar a educação.
Após as contribuições da mesa, aconteceram algumas colocações dos estudantes e a mesa realizou suas considerações finais.
Na parte da tarde, os estudantes fizeram a sistematização das palavras-chave de tudo que haviam aprendido na parte da manhã. Aconteceu também a apresentação do trabalho final com mapas construído pelos estagiários da Geografia  da UFVJM, contendo informações de todas as comunidades dos estudantes da EFAV.
Até às 16:00 horas, os estudantes apresentaram os trabalhos dos Grupos de Estudo Pesquisa e Extensão, uma metodologia que instigou a elaboração de projetos e a realização de experimentos ao longo do ano letivo.
A Semana Paulo Freire na EFAV iniciou com  o pé direito, a diversidade de tudo que foi apresentado demonstrou que a escola está em movimento, que a escola é um espaço vivo, que pulsa conhecimentos que ganham vida, que ganham significados reais.

 










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